EFEITO
LULA
A liberação de Lula para a disputa eleitoral de 2022 provocou
um verdadeiro terremoto na política eleitoral. Segundo muitos analistas, era o
que Bolsonaro queria. Entretanto, o desgaste sofrido pelo presidente nos
últimos tempos, com a crise sanitária, a crise econômica, os atentados à
democracia, fizeram com que o candidato do PT saísse por cima. Se a eleição
fosse hoje, Lula seria eleito presidente.
Nesse sentido, a única saída para Bolsonaro se manter no
poder é a quebra da legalidade constitucional com um autogolpe. As falanges de
bolsonaristas de camisa caqui, já estão sendo armadas para isso. Também as tentativas de controlar as polícias
militares e as medidas de facilitação de acesso às armas são bons indícios
dessa intensão. Será um grande desafio para as instituições democráticas
reagirem a essa sanha ditatorial.
Segundo recente pesquisa do Poder360, se a eleição fosse
hoje, ainda seria polarizada no primeiro turno entre Lula com 34% e Bolsonaro
com 30%. Todas as outras candidaturas estariam de 6% para baixo. A novidade é
que além de Lula, Huck e Ciro também venceriam Bolsonaro no 2º turno. Outros
candidatos, como Moro, Huck, Doria, Amoêdo e Mandetta dificilmente passariam para o 2º turno
hoje. Entretanto o Presidente está com
forte viés de queda e ainda administra muito mal a crise brasileira, o que
deixa o quadro eleitoral aberto e indefinido. Não é desprezível a hipótese de
que Bolsonaro pode até ficar fora do segundo turno.
O Brasil, depois da primeira eleição presidencial, indireta,
em 1974, quando disputaram Geisel e Ulisses Guimarães, passou a viver de
polarizações na política. Inicialmente era MDB/PMDB contra Arena/PDS. Em 1989,
com a nova Constituição parecia que o pluralismo tinha se implantado; naquela
eleição disputaram 13 candidatos com as mais variadas opções
político-ideológicas. No segundo turno venceu Collor, mas eleitoralmente surgiu
o PT na disputa eleitoral como um partido forte.
Após o governo Itamar se implantou a polarização PSDB-PT, que
durou dois mandatos de Fernando Henrique, dois mandatos de Lula e quase dois de
Dilma. Nas eleições de 2018 surgiu Bolsonaro, que começou a polarizar com o PT
e que pretende manter essa disputa. Grande parte dos analistas políticos aponta
que Bolsonaro e PT são os sonhos de consumo um do outro para a próxima disputa,
com a sociedade ainda fortemente polarizada, participando da eleição para
rejeitar o outro.
As recentes pesquisas sobre 2022 abrem uma nova perspectiva,
a da despolarização e o surgimento do espaço arejado do nem um nem outro.
Talvez possamos fazer o voto sem medo, a favor e não contra.
FAUSTO MATTO GROSSO
Engenheiro e professor aposentado da UFMS
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