domingo, 15 de abril de 2007

SOBRE ALBERTO NEDER E O PCB

Alberto Neder, desde a sua juventude, como estudante de medicina no Rio de Janeiro, foi um militante de esquerda. Sua primeira aproximação com os comunistas se deu através da Aliança Nacional Libertadora – a ANL – ampla frente antifascista organizada e liderada pelo PCB. Com a dispersão desse movimento, causado pela repressão ao levante de 35 – a chamada “Intentona Comunista” – retornando para Campo Grande continuou ligado ao Partido.
Foi dirigente do PCB e diretor do jornal diário do partido “O Democrata”, para onde se dirigia após seus afazeres médicos para ajudar a produzir e rodar o jornal. Seus companheiros dessa época sempre se referiam às mãos especializadas de cirurgião, a rodar a manivela da impressora, noite a dentro.
Disciplinado, atendendo a necessidades partidárias, foi candidato, pelo PCB, a deputado estadual constituinte em 1946 e posteriormente a vereador em 1988.
Essa militância lhe custou, ao longo da sua vida 3 prisões e muitas perseguições, às quais sempre reagia com coragem e altivez, demonstrando sempre superioridade moral diante de seus algozes.
A primeira prisão aconteceu durante o Golpe de 64. Na ocasião encontrava-se refugiado na fazenda de um amigo em Rio Brilhante quando foi denunciado e preso por fazendeiros ligados à Ação Democrática Mato-grossense, um grupo civil, armado, ligado aos militares. Trazido a Campo Grande, foi exibido com como presa de guerra, algemado, em um jipe aberto, pelas ruas da cidade, o que causou grande revolta na sociedade local. Foi preso novamente em 66 e 68.
Com convicções políticas definidas ao longo da sua vida, das quais nunca se afastou, sempre mereceu respeito da sociedade e também dos seus adversários em função do seu valor profissional e pela sua grande estatura intelectual e moral.


Fausto Matto Grosso