quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

ALGO DE NOVO NA POLÍTICA
Entre a esperança e o ceticismo, os brasileiros se perguntam se poderá, nas eleições de 2018, nascer algo novo na política.
  As duas últimas eleições foram frustrantes do ponto de vista da discussão dos projetos para o Brasil.
A eleição de 2010 se processou em um nível de simplificação despolitizada, tendo como tema principal a questão do aborto. Os dois presidenciáveis Serra e Dilma se esmeraram em explicitar posicionamentos “a favor da vida”, como se pudesse haver alguém civilizado que pudesse ser a favor da morte. A substituição do debate político pelo marketing dominou toda a polêmica eleitoral.
Quem não se lembra, também, do estelionato eleitoral de 2014, da polarização Aécio contra Dilma, onde predominou uma intolerância sectária e a grave situação do país foi totalmente escamoteada, cada um prometendo seus pacotes de bondades ao crédulo eleitor. No dia seguinte da eleição veio a ressaca.
  É certo que viveremos em 2018 um contexto eleitoral radicalizado que deverá ser marcado pela luta acirrada nas redes sociais. Vários analistas apontam que, atualmente, a quantidade de mensagens negativas, os tais fake news, predominam sobre as mensagens propositivas. O exemplo mais patético dessa realidade foi a contra propaganda russa para favorecer Donald Trump.
Outro elemento a considerar é o da mudança no ambiente dos partidos políticos, o que tem amplitude mundial. A mudança da sociedade industrial para a sociedade da informação tensionou todos os velhos paradigmas da política, colocando em crise as formas organizacionais surgidas do passado. O advento da sociedade em rede, possibilitou o surgimento de movimentos de novo tipo, que organizam a atividade política dos cidadãos.
Esses movimentos de cidadania, apesar se suas limitações, questionam a velha ordem política e podem representar um fato novo nas eleições.  Entretanto, a institucionalidade atual não permite a substituição dos partidos por esses movimentos. Com as regras eleitorais atuais, os partidos ainda persistirão como canal institucional para a participação eleitoral para acesso as diversas esferas do poder. Tanto é verdade que esses movimentos e iniciativas têm produzido a criação de novos partidos ou encaminhado seus ativistas para a filiação nos partidos que tem buscado renovação de suas práticas políticas. Essa movimentação, como aponta o deputado Roberto Freire, poderá ser “a junção daquilo que está sendo superado pela história, que são os partidos, datados da sociedade industrial, com aquilo que está construindo a estrada para o futuro”.
   É nesse quadro que se realizarão as eleições de 2018. O momento político está tensionado pelos extremos, à esquerda e à direita. Os brasileiros já conhecem o que representam essas duas propostas. O País só avançará de fato, se nos encontramos com a nossa realidade, sem mentiras e sem subterfúgios. Nossos problemas terão que estar no centro da discussão eleitoral. É precisam que surjam candidatos corajosos que digam a verdade sobre as nossas mazelas e sobre as mudanças necessárias e não façam manipulação das mentes pelo marketing. Caberá ao povo, diante do aprendizado adquirido nos anos recentes, separar o joio do trigo. Espero que consigamos fazê-lo. Que não sejamos presa fácil da manipulação e da mentira.
Embora não concorde com a sua visão de Estado, sempre é útil a advertência de Platão, em A República, que apontava que a democracia continha sempre o risco de que as massas fossem movidas antes pela emoção do que pela razão, antes pelos interesses imediatistas do que pela sabedoria duradoura. Que a democracia poderia se degenerar em “teatrocracia” com hordas vulgares embasbacadas diante de políticos profissionais nos palanque e votando nos que entoassem discursos mais ilusórios e as promessas mais suculentas.

Fausto Matto Grosso

Membro do Diretório Estadual e Nacional do PPS