quinta-feira, 13 de fevereiro de 1997

MS SEM RUMO

Qualquer observador atento já constatou que a política sul-mato-grossense nos últimos 30 anos gravitou em torno da estreita opção entre o pedrismo e o antipedrismo. Com uma sociedade civil fracamente organizada, que tem sido incapaz de gerar quadros políticos representativos, Mato Grosso do Sul assiste impotente a alternância entre a modernização conservadora- autoritária e o nada, que tem sido representado pelo anti-pedrismo no governo.
A esquerda tem sido também impotente para produzir uma nova política que seja superação e não apenas negação da política dos dois pólos dominantes. Isto tem sido, provavelmente, a causa da sua dificuldade em se credenciar, na sociedade, como alternativa de poder.
Assim, nosso desenvolvimento tem sido fruto de situações de fato criadas pela intervenção do projeto (?) pedrista e pela ação espontânea e aleatória dos agentes econômicos. Falta política de desenvolvimento. Falta também a intervenção coerente do Estado, direta ou associadamente, na infra-estrutura, no oferecimento de serviços básicos e na produção da base científica e tecnológica necessária ao novo padrão de desenvolvimento produzido pela revolução científico-tecnológica.
Alguns sinais auspiciosos, entretanto, começam a surgir.
Recentemente a Petrobrás patrocinou uma assessoria ao Governo Estadual para a produção de um importante estudo sobre os cenários de MS para o ano 2010. Analisando as macro-tendências mundiais, nacional e regional foram apontadas importantes orientações estratégicas que deveriam balizar a ação governamental e dos agentes privados no processo de desenvolvimento . Parabéns para a Petrobrás. Zero para o governo que, a não ser por parte um ou outro técnico, aparenta desconhecer e desconsiderar tal estudo.
Esse estudo, não podendo ser tomado como enunciado de verdades absolutas, representa um importante ponto de partida para um amplo debate estadual sobre o rumo que queremos para Mato Grosso do Sul.
Dois outros sinais positivos surgem da sociedade civil. A criação do Fórum MS, formado por instituições e cidadãos que buscam a construção de consensos estratégicos para o desenvolvimento do Estado e o Movimento pela Eficiência e pela Moralidade do Poder Público, liderado pela OAB/MS. Este último tem atuado em duas importantes questões: o combate ao nepotismo - sintoma da degradação ética do serviço público - e a mobilização da sociedade para a discussão do orçamento público estadual.
São movimentos amplos e generosos, espaços de cidadania , sinais de que a sociedade civil quer deixar de ser tutelada pelos governos e pela viciada política dominante, buscando a maioridade.
Reforçar esses movimentos é da maior importância para o futuro do Estado, ao mesmo tempo em que se deve cobrar do Governo a responsabilidade da discussão pública das orientações estratégicas do estudo da Petrobrás.

FAUSTO MATTO GROSSO

(Presidente do PPS/MS)