segunda-feira, 19 de maio de 2014

EM DEFESA DA POLÍTICA

Vivemos hoje no Brasil e no mundo uma grande crise da política. Fosse simplesmente uma crise política, sua solução seria bem mais fácil, bastava trocar os políticos e os partidos, substituí-los por novos nomes e siglas.
Mas há um claro clamor nas ruas de que a política é uma atividade desnecessária, os partidos são vistos apenas aparelhos de poder pessoal ou de pequenos grupos de interesses. “Vocês não representam” gritam as vozes roucas das ruas e praças. Há um clamor por mudanças mais profundas, para além da renovação dos quadros da política.
A política deve voltar a ocupar aquele lugar de que falava Aristóteles: a atividade mais nobre do cidadão em qualquer sociedade, garantindo os objetivos da coletividade e a convivência daqueles que pensam de forma diferente. Para isso precisamos que os melhores quadros da sociedade percam os preconceitos e se ofereçam como oportunidade para a mudança.
No movimento incessante da sociedade a crise atual da política representa aquele momento em que o que é velho já morreu e o que é novo ainda não nasceu. Somente uma nova política pode dar solução ao esgotamento dos valores decadentes da velha política.
Mas construir o novo não é tão fácil assim. O novo não nasce de uma explosão, mas é gestado lentamente pela dinâmica existente no seio da sociedade. Temos que ajudar nesse parto.
Mas aí esta colocado o fato concreto das eleições de 2014 em MS. Será que algum dos lideres colocados na disputa pode representar esse papel? Sinceramente não sei. Mas é nesse momento que está sendo construído o futuro imediato da política. É o momento de definir nomes, chapas, programas, alianças e de se plantar a natureza da governabilidade que será construída posteriormente, se de amor comprado ou de respaldo na sociedade.
O homem é ele e as suas circunstâncias. Não é o líder que faz a história, mas esta que constrói os líderes necessários. A história pode impor a esses líderes a responsabilidade de se ajustar à nova política em todas as esferas da disputa eleitoral. Cabe aos candidatos já postos fazerem as composições que signifiquem o sentido da mudança, seja nos cargos vagos da majoritária seja no espaço das eleições proporcionais.
Cabe aos quadros de qualidade existentes na sociedade, que representam esses sentimentos novos, que rompam o preconceito contra a política e venham também compor o campo da mudança.
Vamos torcer e ajudar que a política possa seja radicalmente renovada em Mato Grosso do Sul.

Fausto Matto Grosso

Engenheiro e professor da UFMS, aposentado