sábado, 29 de agosto de 1998

PARTIDO POPULAR SOCIALISTA - PPS/MS

RESPOSTA PARA O QUESTIONÁRIO DA ALUNA CRISTIANE
1 - PARA ONDE CAMINHA A HUMANIDADE ?
A história da civilização, até o tempo presente, tem sido a história da afirmação do homem sobre a natureza, através do trabalho. A maneira como o homem produz, no fundamental, tem determinado a maneira como ele se organiza em todas as relações sociais.
Os dois últimos séculos foram moldados pela revolução industrial, salto importante na maneira de produzir, e viver, da humunidade. Da revolução industrial surgiram as fábricas, o proletariado e o reforçamento da burguesia como classe hegemônica. Igualmente surgiram os sindicatos, os partidos operários, as revoluções “proletárias”, e os estados socialistas.
Com o advento da Revolução Técnico-Científica, caracterizada pela aplicação, em altíssima escala, da ciência na producão (informática, robótica, bio-engenharia, química fina, mecânica de precisão, etc), estão sendo mudados, rapidamente, o modelo produtivo e as relações sociais herdadadas da RI. Vivemos um momento verdadeira crise de civilização, a crise do socialismo “real” foi uma das suas faces. A civilização do trabalho industrial está sendo sucedida por uma civilização pós-industrial (“pós-moderna”), baseada no conhecimento e na informação, novos ingredientes para a reprodução ampliada do capital.
Este novo processo produtivo libera grande quantidade de força de trabalho, fato esse que tanto pode ser auspicioso, ao liberar o homem para o lazer, a cultura, etc, como pode vir a ampliar ainda mais a exclusão social. Esta exclusão pode também tornar “descartáveis”, países e regiões inteiras do planeta (é só ver a Äfrica).
Longe de significar o “fim da história” esta fase que estamos vivendo, prenuncia uma grande ampliação das lutas sociais e ideológicas.
2 - QUAL O PAPEL DA ESQUERDA NESTA NOVA ORDEM SOCIAL ?
A esquerda tradicional, especialmente a socialista e a comunista, são produtos políticos-ideológicos da Revolução Industrial. Enfrenta ela hoje o desafio de identificar as contradições novas surgidas com a RTC. Para isso precisa se livrar de vários dogmas que a nova realidade e a crescente complexidade do mundo esgotaram.
O compromisso com a democracia passa a ser uma exigência fundamental para a sua sobrevivência. As novas contradições da sociedade não podem ser reduzidas exclusivamente à luta de classes (que continua existindo). Existe hoje um rol de questões novas, que exigem articulações policlassistas e supraclassistas, tais como a questão ambiental, as questões de gênero, as questões do poder local, etc, para as quais a esquerda tem que ter propostas.
Em nossa visão tradicional, estas questões eram consideradas menores e a solução delas ficava sempre para depois da tomada do poder do Estado. Tudo tinha que esperar a “revolução”, que estava sempre no futuro remoto. Hoje tem que se entender a revolução como um processo permanente e atual de rupturas parciais. Numa visão moderna de esquerda, a sociedade solidária, livre, de igualdade de condições sociais, com a qual sempre sonhamos, pode e tem que ser plasmada no presente.
Continuará existindo um papel para a esquerda que conseguir se reciclar. A continuidade e a exacerbação da exclusão social garantirão a continuidade do desafio da esquerda de lutar pela igualdade social (ver Bobbio)
3- QUE EFEITOS PRODUZIU NO MUNDO O FIM DO SOCIALISMO ?
A existência de um “bloco socialista” condicionou a história o Século XX. A par de grandes equívocos e enormes distorções ocorridas, o mundo teria sido pior sem o “socialismo real”. A sua existência favoreceu a derrota do nazi-facismo, ofereceu fortes limitações às ações imperialistas, propiciou apoio à descolonização de muitos países. Acima de tudo fortaleceu política e ideológicamente a luta dos trabalhadores nos paises capitalistas, propiciando conquistas sociais importantes. Entretanto tal realidade se esgotou, pois também a “cultura socialista” era fruto da “sociedade industrial” que entrou em crise
O fim da guerra fria, ela própria tornada inviável pelo desenvolvimento tecnológico, acabou com o equilíbrio bipolar. No aspecto militar restou o poderio dos EUA que se impôs como potência hegemônica e intervencionista (Iraque, Somália, caso Noriega, etc). No aspecto econômico a distensão política facilitou a multipolaridade e o desenvolvimento de blocos regionais.
A auto-dissolução da União Soviética e a desintegração de muitos países socialistas provocaram numerosas e sangrentas guerras locais. A economia dessas regiões, longe de desenvolverem-se segundo os padrões capitalistas, entraram em grandes crises.
A derrocada do socialismo real seguiu-se uma profunda crise ideológica no campo da esquerda. No seu processo de “reinvenção” a parte da esquerda que se renovou, principalmente pela aproximação com o compromisso democrático, começa a contabilizar vitórias eleitorais, como recentemente na Itália, mas também na Polônia, Hungria, Eslovênia, Letônia, etc.
Alguns países “socialistas”, como é o caso da China e Vietnam, apesar de não terem ainda enfrentado processos de democratização, passaram a adotar sistemas mistos que denominam de “economia socialista de mercado” e são considerados, em todos os prognósticos, economias promissoras para a virada do século.
4 - NO BRASIL
O PCB, fundado em 1922, a partir do final da década de 50, já havia começa a sua aproximação com a via democrática para o socialismo. O seu processo de ajuste à nova realidade do pós-guerra fria se deu por transformações em sua linha política tendo como referencias mais importantes o abandono do “marximo-leninismo” como doutrina oficial, e o seu comprometimento com o princípio da radicalidade democrática. Mudou seu nome para Partido Popular Socialista.
O PPS tem propugnado uma postura propositiva para a esquerda, como maneira de enfrentar as reformas propostas pelo governo FHC. Defende a reforma democrática do Estado, no sentido da sua desprivatização. Desenvolve atualmente esforços na direção da criação de uma nova formação política para a esquerda democrática, que reuna os setores renovados da esquerda brasileira.
Em nosso país a esquerda encontra-se representada por vários, reflexo da complexidade crescente da sociedade brasileira. O PT, o maior deles, foi menos afetado pela crise do socialismo, uma vez que sua matriz ideológica era menos ligada à experiência do “socialismo real”.

FAUSTO MATTO GROSSO

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