sábado, 29 de agosto de 1998

A QUESTÃO DA IDENTIDADE DA UFMS

(JORNAL DA UNIVERSIDADE)
É notória a nossa defasagem em relação, tanto às grandes universidades brasileiras, como em relação aos desafios que são colocados pelo desenvolvimento científico e tecnológico contemporâneos.
A primeira idéia que surge é a de procurar modelos bem sucedidos desenvolvimento universitário. Essa via não nos serve. Os caminhos que legaram à USP, à UNICAMP e alguns outros centros universitários de qualidade são singulares. Essas Instituições conseguiram aproveitar, e o fizeram bem, conjunturas específicas do seu meio econômico-social e se tornaram peças necessárias do processo de desenvolvimento nacional e regional. Essa experiência sim é preciso apreender. A USP articulou-se com o processo de industrialização-urbanização, a UNICAMP com a nova realidade econômica-social da revolução tecno-científica.
Os desafios que são postos hoje para a nossa Universidade não poderão também ser enfrentados com uma política de simples crescimento. Não basta aumentar o número de doutores, o número de trabalhos publicados, o número de laboratórios, etc. Esse simples crescimento, importante sem dúvida, será incapaz de nos transformar em uma Instituição importante.
Imprescindível perceber também que o alvo a ser atingido não deve ser a equiparação com as Instituíções-paradigmas e sim conseguir responder aos desafios concretos que são colocados pela realidade envolvente, sempre dinâmica e cada vez mais requisitando a informação e o conhecimento. Para qualquer planejamento estratégico é imperioso Ter isso muito claro.
Em sauna, temos que procurar o nosso caminho singular de desenvolvimento universitário. Não podemos ser uma Universidade como outra qualquer, até porque não o conseguiríamos. Em outros termos, precisamos definir a nossa IDENTIDADE. Aí sim, poderemos dar saltos da qualidade, efetuar rupturas, queimar etapas, obter e otimizar resultados.
Dois eixos parecem ser básicos na definição da nossa Identidade:
a) para sermos viáveis precisamos transformar a UFMS em peça necessário do processo de desenvolvimento regional:
b) precisamos, dada nossa função institucional específica, estar ligados a produção de conhecimentos mais avançados no contexto da revolução tecno-científico.
Com relação ao nosso compromisso regional, devemos começar por conhecer profundamente o nosso meio para alicerçar nossa proposta estratégica.
Entretanto alguns elementos para nossa definição já são bastante visíveis. Nosso Estado com base econômica agropecuária, busca um processo de industrialização (que precisa ser orientado), obriga importantes ecossistemas como o Pantanal e o Cerrado e deverá ser, a curto prazo, ponto de passagem da integração latino-americano (já estão aí a Hidrovia do Paraguai, a ZPE de Corumbá e o gasoduto da Bolívia).
Nossa identidade deverá ser a de uma Universidade que mobiliza o que há de mais avançado no conhecimento universal, de cuja criação participa, para ajudar nosso Estado e a nossa região a criar e distribuir riquezas, afirmar e integrar a nossa cultura e defender o meio ambiente.
Para desenvolver a essa vocação responsabilidade, tendo em conta a necessidade de concentrar e priorizar recursos e esforços, parecem ser necessários criar e fortalecer 4 grandes programas institucionais:
a) PROGRAMA DE ESTUDOS AMBIENTAIS, generalizando (?) o já criado “Programa de Estudos do Pantanal”, que deverá Ter como objetos principais de estudo o Pantanal e o Cerrado;
b) PROGRAMA DE ESTUDOS LATINO-AMERICANOS, já criando;
c) PROGRAM DE ESTUDOS REGIONAIS, que permitirá aprofundar o conhecimento da nossa realidade envolvente;
d) PROGRAMA DE ESTUDO DO FUTURO, que visará continuamente tensionar o trabalho científico e tecnológico na direção do que existe de mais avançado, permitindo a formação de especialistas em planejamento (estratégico) governamental, empresarial, etc.

FAUSTO MATTO GROSSO

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