quinta-feira, 27 de agosto de 1998

ADUFMS, ÉTICA E POLÍTICA

Em artigo no “ADUFMS na Hora” que antecedeu a eleição da entidade, o professor Hemano Melo afirmou não ter sido “eticamente correta nem quanto ao aspecto político, nem em relação à postura sindical” a nova candidatura do Prof. Jesus Eurico, atual Diretor do CCHS. Conclamou também à reflexão e à discussão sobre esse assunto que poderia afetar o futuro do nosso sindicato.
Não tenho nenhuma procuração para defender o Presidente da ADUFMS, nem é minha intenção fazê-lo. Mas não posso ser indiferente ao futuro do nosso sindicato e quero discutí-lo, exatamente à luz da sua história recente, ajudado exatamente pela exposição transparente da concepção expressa no artigo do Prof. Hermano.
Depois de afirmar que a candidatura era anti-ética, sem conseguir alinhar um único argumento nesse sentido, pergunta ele, a respeito da dupla representação do Prof. Jesus Eurico, “como ser patrão em empregado ao mesmo tempo?” Pede-nos também que imaginemos a contradição de o Vicentinho ser também diretor da FIESP.
Nessa reflexão o articulista abre o jogo e desnuda a essência de uma concepção política que tem orientado nosso sindicalismo docente e que talvez seja a causa de suas dificuldades atuais.
Reduzir as contradições da Universidade às contradições de classe é uma simplificação inaceitável. Trazer para o movimento, concepções, prática, formas de luta e de organização nascida para enfrentar o embate capital x trabalho só pode levar nosso sindicato ao isolamento. Infelizmente isso tem acontecido e temos sido vítimas do previsíveis resultados. É certo que essas contradições se representam também na universidade, mas longe de serem elas que estruturam a realidade, os alinhamentos político internos e o cotidiano da Universidade.
Há que se conseguir entender a natureza peculiar da instituição universitária, entender suas contradições próprias, suas nuances extremamente complexas. Aí sim conseguiremos ter uma boa política sindical universitária, agregadora, efetiva, vitoriosa. Este é o nosso desafio coletivo que ainda está em aberto.
No seu artigo o prof. Hermano expressa ainda um enorme e inaceitável preconceito contra o trabalho administrativo/institucional. Tivesse valido o meu voto para Reitor, tenho certeza que ele, na Reitoria, não representaria a “burguesia”.

FAUSTO MATTO GROSSO (CCET/DEC)

Membro do Núcleo Mário Schemberg (PPS/UFMS)

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