quinta-feira, 9 de julho de 1998

TELEMS E REELEIÇÃO

Deu no jornal: “ o PMDB quer indicar o futuro presidente (da Telems) como reconhecimento pela fidelidade ao projeto de reeleição. Atual presidente tem apoio da Telebrás e do Ministro das Comunicações que aprovam sua atuação e querem mantê-lo no cargo”.
Este episódio, relatado pela imprensa, é paradigmático da ética toma-lá-dá-cá do bloco dominante da política brasileira e sul-mato-grossense.
Transformadas em moeda de troca, as estatais e os órgãos públicos são amesquinhados em suas funções e depois disso ainda são denunciadas como ineficientes por esses mesmos políticos.
De tão acostumados com tais práticas, esses políticos não tem nem rubor nas faces ao reconhecerem publicamente as trocas de seus votos por nomeações ou verbas para o seu eleitoralismo regional. Os jornais nacionais estamparam, durante a semana, à exaustão, diversos casos de troca de votos pró-reeleição, inclusive o da bancada mato-grossense que, no maior descaramento, afirma já ter fechado o acordo.
O atual esforço do Presidente Fernando Henrique pela reeleição tem levado ao desnudamento ético de certa parcela do tucanato e de sua base de sustentação. Para uns é o “fins justificam os meios” tornando contraditório o discurso ético usado pelos tucanos para sairem do PMDB. Para outros é “dando que se recebe” dos fisiologistas de sempre.
Situações como essa é que trazem grande insegurança para a proposta de reeleição. Se os governantes, para conseguirem aprovar a emenda da reeleição usam, sem o mínimo escrúpulo, a máquina pública, o que não serão capazes de fazer quando o processo eleitoral estiver em curso.
Por isso sendo aprovada a reeleição mais do que nunca a reforma do Estado, tão necessária e tão pregada pelo Governo Federal, terá que incluir uma radical profissionalização no serviço público e nas estatais. Profissionais de carreira, com experiência e tradição nas esferas técnicas e administrativas deveriam ser os únicos a ter acessos a cargos diretivos superiores de natureza técnica ou administrativa como é o exemplo da diretoria da Telems
Mesmo ao nível da administração direta, deveriam ser diminuídos, ao mínimo, os chamados “cargos de confiança”. Um burocracia independente, estável, profissionalizada e competente e, para evitar desvios corporativistas, uma administração sujeita a instrumentos de controle social, pela cidadania..
Esse tipo de reforma daria muito maior segurança na decisão sobre o direito a reeleição dos governantes.
Quanto á Telems, o que será que querem dela certos políticos sul-mato-grossenses ? Melhores serviços ? Barateamento das tarifas ? Maior eficiência ? Espero que sim, mas de qualquer forma é bom ficar de olho nos votos desses parlamentares, nas mudanças na diretoria da Telems, e principalmente na aplicação, centavo por centavo, dos 100 milhões de reais que a empresa tem para investir 1997.

FAUSTO MATTO GROSSO

Presidente Regional do PPS

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