PASSANDO A BOIADA NA SAÚDE
Quanto mais avança a CPI da COVID, mais fica clara a
responsabilidade direta do Presidente Bolsonaro no agravamento da pandemia. Sua
centralização das decisões, compartilhadas apenas com um “gabinete secreto”,
tem sido desastrosa desde o começo da crise.
Durante o atual governo, passaram pelo Ministério da Saúde
quatro ministros, contando com o atual. Os dois primeiros, Mandetta e Nelson
Teich, renunciaram declarando incompatibilidade com as orientações do Planalto,
especialmente quanto ao tratamento precoce com a Cloroquina. O ministro
Pazuello em seu depoimento na CPI, admitiu que as questões estratégicas do
ministério já vinham empacotadas pelo escandaloso gabinete paralelo, para serem
cumpridas sem discussão. “Um manda o outro obedece” docilmente admitiu. O atual Ministro Marcelo Queiroga esgueira-se
com mil cuidados para não contrariar os desejos do Planalto. O resultado disso
é que o país navega sem bússola na politica de saúde e nas orientações quanto à
pandemia.
Na raiz de tudo está o negacionismo. Tosco, o Presidente não
acredita na ciência. Repudia a vacina e as medidas preventivas e preconiza a
solução natural de imunização de rebanho, pelo aumento da contaminação. Com
isso atende também o interesse econômico, valorizando-o em relação às vidas
humanas.
O conceito de imunidade de rebanho, ou comunitária, diz
respeito a uma situação em que se atinge um ponto em que há uma quantidade
suficiente de pessoas imunes ao vírus, o que interrompe a transmissão
comunitária. Com menos indivíduos suscetíveis ao vírus, ele vai aos poucos
deixando de circular. Forma-se uma espécie de “cordão natural” de isolamento.
Há duas formas de atingir essa imunidade. Por vacinação ou
por contaminação natural, esta última preconizada pelo Presidente. Pela
vacinação se exigiria cerca de 70% da população vacinada. Atingir tal índice
pela forma natural iria nos custar a morte de entre 1,5 milhão a dois milhões
de pessoas. Segundo a comunidade científica, essa opção deve ser rechaçada,
pois é antiética, devido ao grande saldo de vítimas que pode gerar.
"Criminoso" e "genocídio" são as palavras usadas pelos
especialistas. Apesar disso, bolsonaristas com cabresto e buçal, na maior cara
dura, teimam em defender que a morte de 1,5 milhões não representa nada diante
da nossa população de mais de 213 milhões de pessoas.
Hoje, se entende que é um crime defender imunidade de rebanho
por infecção natural da doença. Se a gente normaliza isso, vamos normalizar
mais mortes, mais demanda hospitalar. Nenhum país sério considera essa teoria.
Nem com gado se opta por essa via.
Diante desse pano de fundo se entende todo o comportamento do
Presidente e do Ministério da Saúde.
O presidente primeiramente negou a doença, chamou de
“gripezinha”, depois foi contra o isolamento, o lockdown, depois minimizou o
uso da máscara e estimulou aglomerações. Receitou remédios comprovadamente
ineficazes, insistiu no “kit Covid” e comportou-se com negligência na compra de
vacinas, inclusive criando desastrosos atritos ideológicos com a China, nosso
maior fornecedor.
Bolsonaro nunca quis comprar vacinas. Só mudou de postura,
por razão eleitoral, diante das iniciativas do governador Dória, quando começou
a ficar isolado na opinião pública. Daí a nossa situação de mais de 445 mil
mortos e cerca de dois mil mortos por dia.
Essa é a história da pandemia entre nós. Na mesma lógica de
“passar a boiada” do ministro Salles, Bolsonaro enquanto enganava os tolos com
a Cloroquina e a Ivermectina foi mandando os brasileiros para o matadouro.
“Gado a gente marca, tange, ferra engorda e mata, mas com gente é diferente”.
Maria Augusta S. Rahe Pereira (médica)
Fausto Matto Grosso (Engenheiro de professor aposentado da
UFMS)
4 comentários:
Alô, tudo bem com vocês? Excelente o artigo, mas não adiante buscar racionalidade e lógica no comportamento do Bolsonaro. Ele é um psicopata perigoso e só se preocupa com a reeleição e em proteger os filhos. Como psicopata, não tem a menor sensibilidade humana, como já demonstrou por diversas vezes, durante a pandemia ("Não sou coveiro" e outras). Ele sofrer impeachment só se o Centrão julgar que não vai afundar com ele. Ser afastado por desequilíbrio mental também é improvável. Como ele deixou o governo entregue ao Centrão, e cada vez mais se dedica a atividades grotescas dirjgida aos bolsonaristas iguais a ele, parece que tudo caminha para a eleição, e se continuar a queda de popularidade dele, vai ser derrotado e entrar lara a lata do lixo da história.
Que beleza vê-los escrevendo juntos. Já consigo me divertir imaginando o processo de negociação do texto final, porque quanto ao sentido, os sentimentos convergem. Amo vocês.
Que beleza vê-los escrevendo juntos. Já consigo me divertir imaginando o processo de negociação do texto final, porque quanto ao sentido, os sentimentos convergem. Amo vocês.
Que beleza vê-los escrevendo juntos. Já consigo me divertir imaginando o processo de negociação do texto final, porque quanto ao sentido, os sentimentos convergem. Amo vocês.
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