terça-feira, 5 de maio de 1998

CINCO DEDOS

Durante este final de semana o PPS esteve apresentando, em panfletagens nas principais cidades brasileiras, o seu balanço político sobre o governo FHC.
A mão inteira espalmada na campanha de 94 revelou-se enganosa e pitôca dos cinco dedos.
O "mindinho" da Agricultura foi desmoralizado pelo descrédito agrícola. Após a safra recorde de 94/95, caiu a área plantada, caiu a produção agrícola e o país perdeu 4,5 bilhões de reais. O juro alto sufocou o produtor rural que não consegue pagar as dívidas, obter financiamentos e ter preços competitivos. Aumentou o desemprego no campo com a perda de cerca de 1,5 milhão de postos de trabalho. A falta de uma política agrária estimulou a violência e o desespero dos excluídos do campo.
O "seu vizinho" da Segurança foi substituído pela ampliação da insegurança. Não conseguiu reformar as polícias militares e civis e teve de enfrentar greves armadas. A criminalidade cresceu e virou poder paralelo nas grandes cidades. As rebeliões nos presídios viraram fatos corriqueiros. Prometeu reformular o Código Penal e captar recursos no exterior para melhorar o sistema penitenciário. Não fez e não captou um dólar furado. O cidadão tem hoje mais medo de andar nas ruas.
O "pai de todos" do Emprego revelou o fracasso maior. Quando FHC assumiu o governo, em janeiro de 95, a taxa de desemprego era de 4,42 %. Em janeiro deste ano foi de 7,25 % , a mais alta desde o fim do regime militar. A agricultura e a construção civil reduziram 98,5 mil vagas com carteira assinada nos 3 primeiros anos do governo. O Brasil tem a maior taxa de juros do mundo, o que está sufocando a produção: o número de falências e concordatas é a maior da nossa história.
O "fura bolo" da Saúde gangrenou. A principal promessa de FHC era garantir recursos públicos estáveis para a saúde: não cumpriu. A dengue explodiu, aumentando 4 vezes em 3 anos. As verbas da saúde, aumentadas com um novo imposto, a CPMF, entraram por uma porta e saíram por outra, inclusive servindo de "moeda" para uma barganhas políticas pouco saudáveis. O Sistema de Saúde Pública no Brasil é um caos. As epidemias estão de volta com força total: aumentaram os casos de malária, dengue, leptospirose, tuberculose e sarampo.
O "mata piolho" da Educação prometeu acabar com o analfabetismo. Não acabou. Pelas taxas atuais, as metas propostas só poderão ser alcançadas no século 21. Prometeu garantir vagas para todas as crianças de 7 a 14 anos: 1,5 milhões de jovens continuam fora da escola. Prometeu reformular o crédito educativo: bolsas estão sendo canceladas por falta de recursos. Os professores universitários, sem reajustes há 3 anos, estão em greve e o Ministro da Educação se nega a dialogar, submetendo-se à ditadura consentida da equipe econômica. A universidade brasileira perdeu, por terrorismo e falta de respeito, um terço de seu professores.
Triste fim para um político de passado democrático e progressista. Acenou com a mão e deixou o povo na dita cuja.

FAUSTO MATTO GROSSO, engenheiro civil e professor. Presidente do PPS/MS - 05/05/98

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