quinta-feira, 3 de maio de 2018

O BRASIL QUE EU QUERO

Governar é resolver problemas. Por conta disso, surgem nos períodos eleitorais, pesquisas sobre quais seriam os principais problemas do País. Também a Rede Globo, lançou o Programa o Brasil que eu quero para o futuro, pesquisando as percepções das pessoas sobre os problemas existentes.
  Tem uma meia dúzia de problemas que constam de todos os levantamentos: corrupção, saúde, desemprego, segurança, educação e drogas. Nos últimos levantamentos, corrupção, desbancou a tradição da saúde no topo do ranking.
  Será possível escolher um deles, como prioridade absoluta, para resolver o país? Imagine, por exemplo, que Sergio Moro coloque na cadeia todos os corruptos. Como estaria o Brasil, do dia seguinte? Só para ajudar no raciocínio: foi estimado que o país perdeu, em 2016, 69 bilhões de reais com a corrupção, enquanto foram pelo ralo 500 bilhões com a sonegação.
  Na verdade, todos esses problemas têm uma interdependência sistêmica. Articulam-se no estilo de desenvolvimento, são frutos de opções estratégicas adotadas. Elas explicam nossa situação atual, bem como e para onde devemos buscar a saída.
Todos esses problemas tem que serem enfrentados com uma dosimetria adequada. O problema é que cada um dos brasileiros tende a pensar os problemas olhando para si, situação tão corriqueira na cultura individualista atual. Por exemplo, no topo do ranking, atualmente, está a corrupção. Será que na hora da eleição esse problema orientará a decisão do voto? Alguns analistas duvidam disso. Apostam que na hora do vamos ver, o voto será orientado pela pergunta: o que eu irei ganhar com isso?
Selecionar e priorizar problemas tem lá os seus segredos. Alguns problemas são graves, outros são urgentes e outros têm a tendências de agravamento se não forem tratados a tempo.
  A título de exemplo, a saúde é dos mais graves, pois diz respeito à vida e à dor das pessoas, mas sua solução tem baixa repercussão nos demais problemas. Entretanto, parece que deva ser valorizado pela existência de um modelo de sucesso, já criado, o SUS, um dos mais avançados do mundo. Falta dinheiro, gestão e combate à corrupção.
  A corrupção deve ser priorizada, pelo critério da tendência. Perder a oportunidade criada pela Lava Jato e deixar para depois, seria permitir um retrocesso inaceitável. Além disso, ajudará a melhorar a qualidade das políticas públicas em todas as áreas.
  Um exemplo de problema urgente é o desemprego pelo efeito devastador que tem produzido na sociedade. Seu encaminhamento, ajuda na saúde, nas drogas, na segurança entre outros, tem grande efeito multiplicador.
  Por outro lado, para enfrentar os problemas, é preciso baixar a bola e nos enxergarmos como realmente existimos. Estamos muito mal. Somos a oitava economia do mundo, mas somos um país profundamente desigual. No aspecto territorial, somos dois países, um de Belo Horizonte para cima e outro com o que fica abaixo. Além disso, somos uma sociedade profundamente desigual no aspecto social.
  Sétimo PIB mundial, segundo as Nações Unidas, estamos em 64º lugar em PIB per capita (2014), atrás da Argentina, Panamá, Chile, Venezuela e Uruguai. Se o critério for o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do PNUD, estamos em 74º lugar, atrás de Cuba e Venezuela, entre outros latino-americanos.
Segundo o Relatório da ONU sobre felicidade humana (2017) nos saímos um pouco melhor, conquistando um 22º lugar, onde entre os seis primeiros, cinco são os países nórdicos, construídos pelo projeto social democrata. Nosso sucesso relativo, talvez se deva ao futebol e o carnaval.
A partir dessa nossa realidade complexa, temos que estabelecer um novo estilo de desenvolvimento, sem medo de mudar, pois a característica principal do mundo atual é o da redefinição dos paradigmas.
É preciso, assentar os primeiro os trilhos, como diz o senador Cristovam Buarque, para, então, por a correr a locomotiva.
Falta redefinir rumos para o Brasil, em um mundo em profunda transformação, com a globalização e com as novas tecnologias que se assentam no conhecimento. Nada, jamais, será como já foi um dia.
Fausto Matto Grosso
Engenheiro, professor aposentado da UFMS.
03.05.2018

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