quarta-feira, 21 de abril de 2010

A QUESTÃO ENERGÉTICA

A questão da matriz energético brasileira tem sido alvo de acalorados debates. As opinião são as mais divergentes possíveis. Todos discutem "certezas" absolutas, o que foge ao conceito de matriz, como combinação dos vários modos diferenciados de produzir . Tenho interagido com alguns amigos ligados a esse tema e cada vez mais eles tem apontados a questão do Brasil rediscutir a questão da energia nuclear, citando, inclusive, países como a França e a Alemanha, onde a política verde é bastante forte.
Não tenho nenhuma certeza a respeito desta questao. Apenas preocupação com escolhas erradas e suas possíveis conseqüências.
Pondero, entretato, que a matriz energética reflete a política de desenvolvimento que se quer implementar. Queremos um modelo industrial  sujo (que o centro do mundo exporta para a periferia) ou uma moderna economia pós industrial?
Chamo a atenção para alguns bons consensos já existentes quanto a questão do "desenvolvimento sustentável". É preciso articular a igualdade social com a conservação ambiental e com a eficência econômica...isso todos conhecemos. O X da questão é como fazer isso.
As ultimas conferencias mundiais sobre meio ambiente, desde Estocolmo (1980?), até a de Copenhagen (2010) tem boas dicas nas entrelinhas, normalmente desapercebidas.
Existe um "trade off" entre desenvolvimento e conservação ambiental. Produzir mais significa conservar menos. Entretanto essa equação não é insolúvel. Mudanças no padrão tecnológico permitem produzir mais com conservação ou até com recuperação do meio ambiente. Esse é um dos desafios da questão energética. Desta maneira é posssível aproximar a esfera da conservação da esfera da eficiência econômica. Uma questão correlata a essa é a interligação geral do sistema energético, que acabou com as soluções locais, ou incentiva que a pequena produção local seja colocada no sistema interligado nacional, que atende básicamente às necessidades das grandes metrópoles. Acho que vale rediscutir isso.
Mais não basta apenas isso. A humanidade tem bilhões de párias que precisam comer, comer melhor, habitar decentemente, ter acesso ao conhecimento, etc. Incorporar esses seres humanos aos benefícios da civilização é uma exigência ética. Não podemos condená-los a pagar sozinhos a conta da conservação, como acabam fazendo, embora cheios de boas intenções,  os preservacionistas. Mais gente para consumir só é possivel, se não quisermos implodir o planeta, mudando os padrões de consumo. Não é possível democratizar o acesso aos bens se pensamos em generazar os atuais padrôes de consumo. Não é possível juntar a esfera da igualdade social à esfera da conservação ambiental, sem baixar o padrão perdulário e predatorio da nossa "sociedade de consumo". É impossível, mesmo para uma potencia emergente como a China, resolver deslocamento humano com transporte com veículo individual. Transporte coletivo de qualidade, alongamento da vida útil de máquinas e equipamentos, miniaturização, reciclagem etc
Por último, não querendo ser enfadonho para os que já conhecem bem esses conceitos, tem o desafio de juntar a esfera a esfera da igualdade social com a esfera da eficiência econômica. A geração de mais-riqueza tem que implicar na redistribuição dos ativos sociais (renda, propriedade, acesso a saúde, ao conhecimento, etc.
Mudanças no padrão tecnológico, mudança nos padrões de consumo e mudanças no padrão distributivo, talvez possam ser a marca do PPS na construção de um novo projeto para o Brasil. Isso tudo atende pelo nome simplório de "desenvolvimento sustentável".


Fausto Matto Grosso

Nenhum comentário: