ESQUERDA E SUCESSÃO ESTADUAL
Traço
comum de todos os discursos é a afirmação da crise nacional. Uma
situação de crise normalmente é criada quando esgota-se um projeto
hegemônico e um outro projeto não consegue se impor. E isso é o
que caracteriza a história recente do país. O projeto de
modernização conservadora implementado pelo regime militar perdeu a
hegemonia para o projeto de democratização. Este entretanto não
conseguiu ainda se firmar, implodido pela heterogeneidade da frente
democrática.
O
Plano Cruzado, face econômica de um projeto centrado na burguesia
industrial não conseguiu se sustentar. O projeto neo-liberal,
tentativa de modernização capitalista desejada pelo capital
financeiro e por setores exportadores competitivos, fez água com a
derrocada do governo Collor. O campo progressista não conseguiu
firmar sua alternativa democrática para a crise. Todos os olhos
voltam-se agora para a nova hegemonia que brotará das urnas em 94.
Enfim,
a conjuntura política se transformou em uma infindável transição
à espera de uma nova hegemonia enquanto a vida social resvala para o
barbarismo. Começa-se a ouvir na opinião pública a inquietante
pergunta se a democracia vale a pena.
Em
nível estadual a falta de um projeto político alternativo, centrado
nas forças progressistas , suficientemente amplo para se candidatar
à hegemonia, faz também com que, há anos , a política regional
gire em círculos, num troca-troca infindável entre as velhas
lideranças oligárquicas ou seus prepostos. È só ver os nomes dos
últimos governadores e prefeitos da capital .
O
período do Governo Wilson Martins, no qual as forças progressistas
tiveram alguma participação, revelou-se frustrante, devido a falta
de audácia reformadora imposta pelos compromissos que lhe garantiram
a vitória e balizaram a sua sucessão.
Novamente
aproximamo-nos de uma disputa eleitoral. E desta vez teremos uma
eleição casada. Que provavelmente será influenciada decisivamente
pela disputa presidencial. Mais que nunca coloca-se para o campo
progressista a necessidade da disputa pela hegemonia política, não
mais de uma forma subalterna e caudatária mas com alternativa
própria ampliada por alianças no campo democrático. As duas
últimas eleições, a do governo do estado e da prefeitura da
capital, mostraram que a esquerda, apesar das suas dificuldades,
começa a apresentar alguma densidade eleitoral. Tivesse ela sido
capaz de articular um bloco político, e um projeto mais consistente,
outro poderia ter sido o resultado. Este é o desafio que está
novamente posto pela conjuntura. Fugir do isolamento e oferecer ao
campo democrático, progressista e de esquerda um projeto de governo
e de poder, capaz de aglutinar amplamente as forças que estão
dispersas no PMDB, no PSDB, no PDT e nos partidos de esquerda.
Esse
projeto aglutinador não poderá ser algo estreitamente eleitoral e,
portanto, de curto prazo. Há que ter um caráter estratégico, que
assinale diferenças de perspectivas e de objetivos, que se projete
como processo de construção de uma nova hegemonia fundada no
compromisso com a solução da crise social e da crise ética, que
aposte na modernização e no desenvolvimento do Estado. Este projeto
deve ter uma perspectiva duradoura, passar pela eleição de 94 mas
projetar-se para além dela, pois, trata-se um projeto de nova
hegemonia, que enterre a política conservadora e destrua os pilares
da ordem autoritária e injusta da oligarquia sul-matogrossense.
FAUSTO
MATTO GROSSO
Presidente
do PPS/MS
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