ESTATUINTE – DEMOCRACIA E AUTONOMIA
(Jornal
da ADUFEMS – jun-jul/90 –ano II - nº2 )
A
Democracia e a autonomia universitária constituem as discussões
fundamentais para a comunidade da UFMS nessa fase de elaboração do
nosso novo Estatuto.
A
democracia deve ser o princípio fundamental da estruturação da
universidade. Ela é que deverá garantir a transparência
administrativa e financeira, o pluralismo das concepções
pedagógicas, científicas e filosóficas e a escolha dos seus
dirigentes pela comunidade universitária.
Necessário
se faz , entretanto, corrigir algumas práticas pobres do nosso curto
aprendizado democrático. Tem sido regra entre nós eleger
separadamente o Vice-reitor e o Pró-reitor de Assuntos Estudantis.
Esta aberração não pode continuar. A administração central tem
de possuir uma unidade política que expresse a hegemonia conseguida
no nosso processo eleitoral. A eleição do Pró-Reitor de Assuntos
Estudantís cria a ilusão da participação discente mas, na
verdade, presta-se muito mais a propósitos de cooptação política.
A unidade da administração em torno de um projeto vitorioso de
Universidade é vital para que, ao final da administração esse
projeto possa ser julgado.
A
própria estrutura do poder universitário deve ser democratizada
radicalmente. Os órgãos colegiados gerais e setoriais devem
centralizar o poder de decisão no âmbito respectivo acabando com as
estruturas executivas imperiais que tudo podem e tudo resolvem.
Reitores, Diretores de Centro, Chefes de departamento devem ser
simples executores de políticas traçadas pelo colegiado que, a
qualquer momento, devem Ter o poder de corrigir, reorientar,
interferir e anular encaminhamentos julgados incorretos.
Desde
que convenientemente formados, os colegiados constituem instâncias
muito mais democráticas do que os órgãos executivos, mesmo que
estes sejam eleitos, pois aqueles representam a totalidade enquanto
estes representam apenas a maioria.
Uma
questão que tem de ser polemizada e aprofundada é a da autonomia
plena reivindicada para a escolha dos reitores . A Universidade
tem de ser autônoma em relação ao governo , aos partidos
políticos etc. mas como Instituição mantida pela sociedade não
pode isolar-se em relação a essa , mesmo no processo de escolha
de seus dirigentes . A torre de marfim corporativa não credencia nem
prestigia a Universidade na sociedade. A decisão da estatuinte sobre
esta questão, que terá como limites as regras a serem
estabelecidas pela nova LDB, constitui o grande desafio á sapiência
, sensibilidade social e compromisso político dos nossos
representantes.
FAUSTO
MATTO GROSSO
CCET/DEC
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