segunda-feira, 31 de agosto de 1998

BRIGAM AS COMADRES ...

O episódio do pagamento de 75 milhões de reais à Construtora Andrade Gutierrez e o subsequente empurra-empurra de responsabilidades, via mídia, entre as principais lideranças políticas do Estado é uma bela amostra das perversidades com que nossos governantes tratam Mato Grosso do Sul. Provavelmente os dois estão certos, pois, como diz o ditado, "quando brigam as comadres, é aí que se sabem as verdades".
O fato concreto é que o pedrismo e aqueles que se esgotam no anti-pedrismo são duas faces da mesma moeda. Produziram o que de bom e ruim existe em nosso Estado, e a resultante dessa intervenção foi a transformação de uma unidade federativa, que nasceu para ser modelo, em um Estado insolvente, que só exibe vitalidade, interesseira, nos anos eleitorais.
Fora disso, nenhum foi capaz de gerar um projeto de desenvolvimento consistente e duradouro. Ao contrário dos estadistas, pensaram apenas em seus períodos de governo, quando tanto. Brigam como patronos do futuro, mas representam as formas mais antigas de governar e de fazer política.
O resultado disso é um Estado com péssimo serviço público, estagnado na sua economia, com sérios problemas de infra-estrutura e com uma sociedade desiludida.
Mato Grosso do Sul, entretanto, tem jeito, desde que troque suas lideranças e inaugure um novo processo político que se inspire na sociedade e com esta compartilhe, democraticamente, os objetivos e as responsabilidades.
Um belo exemplo de mudança, no qual podemos nos inspirar, é o do Ceará. De um Estado dos mais problemáticos, na região mais problemática do Brasil, transformou-se hoje em uma referência nacional. Após derrotar as oligarquias, Tasso Jereissati e Ciro Gomes são hoje líderes de um Estado que ganha prêmios internacionais na educação, na assistência à infância, na saúde pública.
Isso foi possível porque forjaram um projeto de longo prazo, com a participação direta da sociedade, através do Pacto de Cooperação do Ceará. A partir disso, foram transformando ameaças em oportunidades, resolvendo os problemas das diversas cadeias produtivas e animando os agentes econômicos e sociais para o salto do desenvolvimento.
Aqui em Mato Grosso do Sul está posta a necessidade e a possibilidade de ousadia semelhante. Quebrar cadeias e, com responsabilidade, construir uma nova política capaz de gerar desenvolvimento e renovar esperanças

FAUSTO MATTO GROSSO

Presidente do PPS/MS

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