“OI NÓS AQUI TRAVEZ”
(À
CRÍTICA)
Como
diz o samba, o “Partidão” volta à Câmara Municipal de Campo
Grande. Se antes chegávamos através de outras legendas, como era a
regra do jogo da ilegalidade (Vasconcelos pela UDN, Marcelo Martins e
eu pelo PMDB), hoje com Athayde Júnior chegamos com nossa própria
cara. Entretanto é o mesmo inconformismo ético em relação às
históricas iniqüidade da sociedade brasileira.
É
o velho “partidão”, agora PPS, mas ao mesmo tempo um partido que
tenta ser profundamente novo em suas concepções, contemporâneo,
realizando um grande esforço para mostrar a necessidade e a
possibilidade de uma nova esquerda, de profundo compromisso
democrático e em luta permanente para construir um novo projeto
humano.
Do
nosso vereador esperamos a radicalização. Afinal, somos esquerda
para isso. Para realizar todas as rupturas possíveis com o processo
de exclusão social, com o autoritarismo arraigado das elites
brasileira, com as atuais práticas políticas que têm amesquinhado
e desmoralizado a política como atividade superior do homem.
Mas
que radicalize só o bom radicalismo, aquele que o povo possa
acompanhar, que possa ter sintonia com as aspirações mais amplas da
sociedade, que seja agregador de força social e política
transformadoras. Nunca aquele que isola. Afinal, é lá no canto do
ringue que a direita gostaria de nos ver, isolados, apenas
protestando, sem possibilidade real de isolados, apenas protestando
sem possibilidade real de participar da disputa do poder, para
transformá-lo.
Temos
certeza de que valorizará o mandato que recebeu, que cumprirá as
suas tarefas e prerrogativas legislativas, e não será mero
espectador de iniciativa de leis pelo parte do Executivo, como tem
sido a triste tradição parlamentar brasileira. Que fará isso
profundamente ligado à sociedade civil, que desta, será canal e
instrumento de transformação.
Que
enfrentará à tradição despolitizada de enxergar o vereador como
mero despachante para cuidar de buracos de rua. Aliás, na época do
meu mandato, alguns vereadores até pressionavam o Executivo para que
não recebesse diretamente as reivindicações do movimento
comunitário, sem que essas passassem pelo clientelismo dos seus
gabinetes. Custa muito caro ao povo manter a Câmara Municipal para
função tão mesquinha.
Esperamos
do nosso vereador muita coragem, o que ele já demonstrou na luta
sindical. Que enfrente os especuladores da terra urbana, os
sonegadores – eternamente à espera de anistia fiscal, os
depredadores do meio-ambiente. Que cobre um planejamento urbano
transparente e democrático. Que exija educação, saúde e lazer de
qualidade para esse povão eternamente excluído. E que preste
atenção no Orçamento Municipal, pois é aí que se administra
transformação das intenções em realidade. Orçamento é Poder.
Que
fiscalize seriamente a aplicação do dinheiro público, inclusive na
Câmara, sem esquecer de verificar, muito atentamente, se o subsídio
que receberá está perfeitamente dentro da legalidade e da
moralidade que o novo Brasil está exigindo.
Comportando-se
assim, não precisará importar-se o plenário está cheio ou vazio,
pois estará respondendo às pessoas que viram nele a possibilidade
da nova política; responsável, competente, contemporânea das novas
expectativas éticas, democrática e transformadora.
Política
feita por políticos dos quais os eleitores não precisam ter
vergonha.
FAUSTO
MATTO GROSSO
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