CIRO VEM AÍ (I)
No
próximo dia 4, Ciro Gomes estará em Campo Grande. Sua fala sobre
“Conjuntura e Eleições 98” colocará entre os
sul-mato-grossenses a sua virtual candidatura.
Não
sei se o ex-Governador conseguirá ser candidato. Filiando-se ao
PPS, um pequeno partido com enfrentamentos claros no campo da
esquerda, assumiu um caminho pedregoso. Afinal sem uma ampla frente
de centro-esquerda, na qual estejam os principais partidos de
esquerda, será muito difícil a sua vitória e nada nos garante hoje
que a esquerda terá juízo em 98.
Entretanto,
o simples lançamento de sua pré-candidatura já produziu dois
efeitos positivos e inegáveis. Primeiramente golpeou frontalmente a
aura de invencibilidade de Fernando Henrique Cardoso. Foi só o seu
nome aparecer na disputa e a marcha batida do exército
pefelista-tucano para a vitória começou a ser colocada em dúvida.
O
outro aspecto da maior importância foi o de colocar em xeque as
articulações visando uma candidatura “pura” de esquerda. Não
há caminho para a vitória que não corresponda a uma articulação
ampla, generosa, sem presupostos hegemonistas e sem cartas marcadas.
Considerando-se previamente derrotada, a esquerda estava conformada
em marcar posição, praticar mais uma vez a política de acumulação
de forças e concentrar-se nas eleicões parlamentares e estaduais.
A
batalha, teria uma aparência de uma luta real, mas na verdade
estariam se enfrentando o lutador e o seu sparring. Tal como na luta
de box, a esquerda estaria escalada apenas para apanhar e ajudar a
simular a luta.
Ciro
Gomes obrigou a esquerda a abrir-se em articulações mais amplas, a
analisar diversas alternativas eleitorais, buscando a maior
competividade possível. O próprio PMDB não fernando-henriquista
passou a ser considerado como possível parceiro.
Enquanto
isso, o PPS procura explorar, junto à opinião pública e junto aos
outros partidos democráticos e de esquerda, as possibilidades de sua
plataforma e de seu candidato Não como pressuposto, mas como
alternativa.
Insiste
o PPS numa plataforma que contenha um compromisso claro com as
reformas, com o desenvolvimento e com o resgate da dívida social. A
questão das reformas, desde a candidatura presidencial de Roberto
Freire, é o nosso elemento diferencial no campo da esquerda. Não
podemos esquecer que o próprio golpe de 64 foi feito contra a luta
pelas reformas de base da qual participava ativamente a esquerda.
Não
concordamos com a simples oposição às reformas neo-liberais. Há
que se produzir,a partir da visão democrática e de esquerda, um
conjunto de propostas que encaminhem para a solução da crise
brasileira. É certo que não somos responsáveis por ela, mas se
quisermos nos credenciarmos como alternativa de poder é preciso
mostrar qual é o nosso Estado, qual a nossa Previdência, qual o
nosso sistema financeiro, qual a nossa proposta tributária, etc.
E
não se trata de termos propostas apenas para quando ( e se)
chegarmos ao governo, até porque isso não está garantido que
aconteça. É preciso orientar a nossa intervenção parlamentar,
aquí e agora, a partir dessa plataforma.
Há
quem coloque em dúvida nossas possibilidades, como minoria, de
influir no processo das reformas. Esquecem a lição da
Constituinte. Aliando pressão popular e postura agregadora e não
hegemonista, derrotamos o poderoso Centrão e produzimos uma
Constituição avançada.
Esquerda
que se recusa a discutir e lutar por reformas, além de se deixar
isolar, pode ser confundida com outra coisa, o que não fará bem
para a nossa história.
Tais
são as questões colocadas pela candidatura Ciro Gomes.
FAUSTO
MATTO GROSSO – Presidente do PPS/MS
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