O PCB E O SEGUNDO TURNO
O
embate político decisivo que se trava na sociedade brasileira é
entre o projeto neo-liberal de Collor e o projeto democrático
progressista, de cujo bloco de sustentação deve fazer parte a
esquerda.
As
eleições de outubro começaram a definir a correlação de forças
em torno dessas propostas. Aumentou a representação parlamentar da
esquerda mas cresceu em proporção ainda maior a bancada
conservadora no Congresso Nacional.
O
segundo turno das eleições completará a definição do quadro
político do país. È preciso Ter bem presente o peso dos
governadores na política nacional, tanto pela importância de alguns
estados como pela influência que costumam Ter sobre as respectivas
bancadas no Congresso. Tanto mais quando entre os estados em disputa
estão São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná.
Seria
portanto, irresponsabilidade da esquerda cruzar os braços, com
indiferença, diante de questão tão importante. A neutralidade
neste caso, mesmo que mascarada por argumentos puristas, ajuda na
verdade o campo conservador. Além disso recomendar voto nulo ou
branco reforça esses fenômenos profundamente negativos de alienação
e de aversão à política revelados no primeiro turno.
Não
é essa a postura do PCB. E não é de hoje. Sempre procuramos
identificar a divisão política real que deve ser feita em cada
conjuntura. Às vezes até mesmo sob crítica radical e sectária de
outros companheiros da esquerda. Entre Maluf e Tancredo no colégio
eleitoral, optamos pela transição democrática. Entre Collor e
Lula, no segundo turno, nós que achávamos Freire o melhor, junto
com os que achavam Covas o melhor, Brizola o melhor, Ulisses o
melhor, soubemos identificar no candidato do PT a alternativa
acertada ao projeto neo-liberal.
Postura
democrática é isso. As regras da democracia devem valer quando nos
beneficiam e também quando nos alijam.
Que
ganhe Fleury, Collares, Hélio Garcia e Requião. De preferência com
a ajuda de toda a esquerda. Democrática.
FAUSTO
MATTO GROSSO
Membro
do Diretório Nacional do PCB
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