MIKHAIL SERGEIEVITCH GORBATCHOV
“A
Teoria Marxista não exclui que, no decorrer da construção da
nossa sociedade, seja preciso começar tudo de novo!” – (
Gorbatchov – novembro/89 ).
O
ano de 91 encerrou-se com a formalização do fim da URSS e com a
renúncia de Mikhail Gorbatchov. Iniciando a Perestróika em abril de
85, esse dirigente comunista tornou-se referência internacional de
credibilidade pessoal, arrojo e determinação política que lhe
valeram o Nobel da Paz e a admiração generalizada.
A
sua postura transparente lhe dava poder de convencimento. O seu
estilo direto e franco, simples e contundente, a sua habilidade
política feita de sagacidade, paciência e vontade de ouvir,
fizeram-no uma figura humana profundamente carismática, um líder
que todos desejavam para o seu país.
O
Socialismo na URSS, marcado por condições históricas adversas e
pelos erros que cometeu, a par dos seu inegável legado inscrito na
história do século XX, enfrentava obstáculos imensos para a sua
renovação. E ele os enfrentou com determinação, arrojo e coragem.
Derrotado,
saiu do poder com a dignidade que sempre o exerceu. É por isso que
muitos devem Ter assistido o discurso de renúncia com o coração
apertado, com uma sensação de vazio e de frustração com os
resultados do esforço renovador de Gorbatchov.
Mas,
as condições atuais da crise naquela região, a fragilidade de suas
novas lideranças, políticos menores marcados pelo oportunismo
populista, não descartam a hipótese de ainda existir um papel
reservado ao estadista Gorbatchov.
Entretanto,
mesmo que isso não venha a ocorrer, para os comunistas e socialistas
do mundo inteiro a experiência protagonizada por Gorbatchov deixa
ensinamentos riquíssimos.
Exemplo
disso é a “nova mentalidade”. Foi a partir dela que a questão
da guerra e da paz foi desideologizada e tratada como questão humana
acima das lutas de classes, resultando um mundo mais seguro para
todos. Reconhece-se também que na agenda da política cotidiana,
outras questões exigem tal tratamento como a ecologia, a liberdade
individual, os direitos humanos, a questão feminina e da juventude e
tantas outras. Por isso Gorbatchov falava fundo a toda humanidade.
O
projeto socialista saiu do apartado histórico e , embora
diferenciado, passou a conviver e fazer parte de um projeto humano
mais amplo, de onde nunca deveria Ter se afastado pela sua natureza,
seus propósitos e sua generosidade.
Encerrada
a experiência do socialismo autoritário, com seu acervo de êxitos
e derrotas, a sua negação dialética não pode ser outra senão o
socialismo democrático. Essa tarefa que Gorbatchov não teve forças
para cumprir na URSS, ficou para todos nós comunistas e socialistas
do mundo inteiro que teremos a responsabilidade de viabilizar nossa
utopia nas novas condições do século XXI. Provar que o socialismo
pode conviver com a democracia, que o capitalismo não representa o
“fim da história”, pois, o projeto humano é mais generoso. Para
ajudar nessa tarefa ficaram os ensinamentos desse grande líder.
FAUSTO
MATTO GROSSO
Membro
do Diretório Nacional do PCB
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