LEGISLATIVOS INDEPENDENTES
Durante
o último mês, um dos assuntos que compareceu com maior freqüência
aos jornais, foi o das eleições das mesas diretoras dos
legislativos. Desde a eleição de ACM para a Presidência do
Senado, até a da câmara do município mais distante, essas disputas
foram marcadas pela interferência dos executivos. De maneira
explícita ou velada, essa foi a regra geral.
ACM
cobra de FHC o “apoio dado a todas as iniciativas do Governo”, ou
seja, quer agora receber o “serviço” já prestado. Na mesa da
Assembléia Legislativa de Grosso do Sul, publicamente, conforme
noticiado pelos jornais, o Governador fez indicações e opinou. Em
Campo Grande o prefeito que saiu e o que entrou também meteram a
colher na sucessão da Câmara.
Certas
práticas políticas, de tão rotineiras, acabam adquirindo status de
coisa normal. Perde-se inclusive o pudor de admiti-las publicamente.
É o que se dá com essa vergonhosa interferência, consentida, nos
Legislativos.
Essa
relação indevida, aviltadora e despudorada sinaliza que tipo de
independência o Legislativo vai ter em relação ao Executivo e
também que tipo de papel os legisladores pensam para sí no processo
político. É dessa maneira que convivemos com um Congresso Nacional
avassalado por medidas provisórias, emitidas em rítmo superior ao
que a ditadura usava para emitir os decretos-leis. É o toma lá
reeleição, dá cá concessões de rádio ou emendinhas paroquiais
no orçamento da União.
É
assim que o legislativo se transforma em poder de segunda classe e
perde o respeito da cidadania. E de roldão, desmoraliza a política
e os políticos. Fato muito grave para quem acredita na democracia e
sabe que não se faz democracia sem política e sem políticos.
Aos
novos vereadores que assumem, cabe lutar para reverter esse quadro.
Vereador não pode ser despachante de luxo, aliás muito caro, de
interesses particularistas, como tem acontecido.
Há
que se disputar com o executivo a definição das macro-prioridades,
através da elaboração dos orçamentos, inclusive procurando
abri-la à participação da cidadania.
Há,
também, que se afirmar a dimensão fiscalizadora das câmaras
municipais. A exemplo do que existe hoje no nível federal com o
Sistema Integrado de Adiminstração Financeira (SIAFI), a
informática permite controlar, detalhadamente a execução
orçamentária. Sem contrôle, os prefeitos costumam correr solto,
executando, na verdade o orçamento que lhes interessa, dadas as
largas margens de alteração concedidas na lei orçamentária e a
certeza da aprovação dos ajustes, garantida pelas maiorias dóceis
que possuem.
Essas
posturas, fortalecedoras dos legislativos e capazes de resgatar a
credibilidade dos políticos na base municipal, é o se espera de
todos os vereadores que assumiram em 1º de janeiro, é o que se
exige dos vereadores que a esquerda elegeu.
FAUSTO
MATTO GROSSO
Presidente
Regional do PPS
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