Insegurança Pública (*)
Em
qualquer levantamento de opinião, a insegurança pública aparece
com um dos principais problemas da população, juntamente com a
saúde pública. Nossos cidadãos vivem confinados dentro das suas
casas, dependendo da condição social, cercados pela bandidagem ou
por cercas elétricas e segurança privada.
Na
semana passada, estive presente à audiência pública sobre
segurança pública promovida pela Câmara Municipal. Ouvi a
qualificada explicação do Secretario Estadual de Segurança com a
sábia explicação de que têm que serem combatidas as causas
sociais da violência. Tudo diagnosticado e com programas e projetos
definidos para enfrentar o problema. Ouvi as palavras do Secretário
Municipal de Saúde. Aprendi que a violência já adquiriu escala de
problema de saúde pública, com indicadores assustadores de causa
mortis.
Longe
de mim, entretanto, conseguir firmar uma convicção específica em
um assunto de tal complexidade. Virando-me para o lado perguntei a um
amigo especialista no assunto: onde se desata esse nó? Recursos,
recursos e recursos, respondeu-me. Para melhorar salários dos
policiais, para melhorar condições de trabalho, para tornar a
carreira atrativa para bons quadros profissionais e para equipar e
armar a tropa. Tudo verdadeiro.
Entretanto,
o dinheiro que falta para a segurança é o mesmo que falta para a
saúde, para a educação, para cultura e para tudo o mais que
precisa ser feito. Saí, então, mais preocupado. Estamos longe da
solução.
O
Estado, nas diversas esferas, enfrenta um esgotamento da sua
capacidade de autofinanciamento. O modelo tradicional se esgotou,
apesar da imensa sobrecarga de impostos que pesa sobre as pessoas
físicas e jurídicas.
Reforçou-me
então a convicção, não dá para continuar fazendo mais do mesmo.
Tem que serem mudados os paradigmas, a partir da mudança da superada
visão estado-centrista.
No
tempo da ditadura era famosa uma expressão “é preciso chamar o
Tuma” . Em tempos democráticos, na esfera da segurança pública
temos que chamar a sociedade.
Amadurece
essa visão nacionalmente. Está em gestação o Sistema Único de
Segurança Pública, com controle social, semelhante ao SUS. O
Congresso Nacional já discute mudanças constitucionais que atribuem
papel mais decisivo para os municípios, inclusive contendo a
exigência de planos municipais de segurança pública.
Experiências
de sucesso com planos municipais já podem ser encontrados no País
em cidades como Nova Iguaçu/RJ e Diadema/SP, com o seu Pacto da
Cidadania pela Paz. Campo Grande, tão avançada em certos aspectos,
deve incorporar essa mentalidade. A segurança do cidadão é questão
do poder local e a Prefeitura pode ser o agente da implantação
desse novo paradigma.
Fausto
Matto Grosso
(*)
Artigo originalmente publicado em 23 de dezembro de 2007, no Jornal
da Cidade (http://www.jornaldacidadeonline.com.br/), de Campo Grande
(MS), meio de comunicação em que o autor é colunista.
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