LIMITES DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO
Fala-se
novamente, no plano estadual, na retomada do orçamento
participativo. Essa experiência, transplantada das práticas
municipais de algumas prefeituras do PT, era uma espécie de
carro-chefe do que se chamava “modo petista de governar”, mas foi
absolutamente desmoralizada pela realidade. Ainda se deve à
comunidade os recursos colocadas no primeiro orçamento participativo
elaborado em 1999.
Essa
prática administrativa, sem dúvida com alta motivação
democrática, mostrou-se extremamente limitada diante do quadro real
da gestão e das finanças públicas.
Muitas
são as justificativas que podem ser buscadas para explicar esse
fracasso entretanto o desafio é buscar formulações mais avançadas
que resgatem a motivação altamente democrática do OP.
É
notória a crise de financiamento do Estado Nacional, das Unidades
da Federação e dos municípios. A máquina estatal tem se
sustentado a custa de aumentos constantes de carga tributária, e
artificios para desvincular recursos da distribuição obrigatória
como o antigo Fundo Social de Emergência, e em Mato Grosso do Sul o
Fundersul e o Fundo de de Investimentos Sociais. O fato concreto é
que a capacidade contributiva do brasileiro comum está esgotada e
mesmo assim o Estado não dá conta de atender minimamente os
investimento em políticas sociais básicas.
O
orçamento estadual é altamente inelástico. Atualmente mais de 80%
da receita encontra-se percentualmente vinculada a determinadas
despesas “obrigatórias”: saúde, educação, repases para outros
poderes, repasse para municípios, pagamento de dívidas com a União,
cultura, esporte, ciencia e tecnologia.
Falar
em espaços participativos em orçamento cujas componentes já tem
definição prévia de mais de 80% obrigatórios para com os outros,
ficando o restante também bastante comprometido com a execução de
despesas básicas na área de pessoal, gestão, arrecadação,
desenvolvimento, cultura, esporte, segurança e infra-estrutura
básica, dentre outras; Dentro desse quadro é muito pequena a
margem passível de decisão dos fóruns participativos;
Falar
em orçamentos participativo quando não existe, por antecedência,
compromissos com o planejamento participativo é conversa fiada para
engabelar o distinto público.
1
- BENEFÍCIOS ESPERADOS
Participação
popular na definição das prioridades locais
Debater
as necessidades junto com a comunidade, contribuindo para a
formulação de políticas públicas eficientes.
Transparência
na administração dos recursos públicos
Fornecer
informações sobre a gestão dos recursos arrecadados e gastos pelo
governo do Estado;
Estimulo
as ações de cidadania e controle social
Criar
cidadãos ativos, conscientes e informados sobre a administração
pública.
2
– ANÁLISE DO PROJETO
Orçamento
estadual, excessivamente vinculado. Atualmente mais de 80% da receita
encontra-se vinculada a determinadas despesas, ficando o restante
também bastante comprometido com a execução de despesas básicas
na área de pessoal, gestão, arrecadação, desenvolvimento,
cultura, esporte, segurança e infra-estrutura básica, dentre
outras; Dentro desse quadro é muito pequena a margem passível de
decisão dos fóruns participativos;
O
Governo convive e também criou outros fóruns de decisão além do
OP: Cogeps, Conselho do FIS, Conselho do Fundersul, Conselho de
Saúde, Conselho do Funresp etc
O
Governo é tensionado por reivindicações setoriais por salários
e vantagens do funcionalismo, que acabam impactando os recursos
orçamentários (estaria disposto a jogar tal matéria para um fórum
democrático?)
O
governo tem adotado a opção política de atendimento das bases
parlamentares, inclusive com a adoção negociada de emendas
parlamentares (estaria disposto a jogar tal matéria para um fórum
democrático?)
Ao
se abrir o processo de levantamento amplo de demandas nas assembléias
municipais, cria-se uma imensa expectativa na população que só
poderá ser atendida em um percentual muito pequeno. Os Fóruns
Regionais do OP ao restringirem e priorizarem as demandas já criam
frustrações de expectativa e potencial desgaste para o governo.
Participantes
das assembléias sem o entendimento adequado do processo do OP e da
real necessidade do município, aliada à falta de informação
técnica, ocasionam demandas distorcidas que comprometem a execução.
Quanto mais amplo o processo mais difícil o debate qualificado via
democracia direta.
Mobilização
dirigida dos participantes, distorcem a representação favorecendo
determinados segmentos sociais, tais como os ligados à área de
Educação e Saúde;
O
OP acaba implicando em maior rigidez para a administração atender
as emergências;
Grande
questão: seria politicamente correto manter a ilusão de
participação no orçamento quando na verdade a imensa maior parte
das questões ficam fora do âmbito de decisão popular, por
imperativos legais, por inelasticidade da execução orçamentária
ou por coexistência de outros fóruns de decisão?
3
– ANÁLISE DA CAPACIDADE DE GOVERNO
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Para
a solução política desse conflito iniciou-se o processo negociado
de emendas parlamentares;
Ampliam
ainda mais a vinculação da receita a determinados segmentos, como
Saúde, em detrimento de outras áreas.
A
superveniência de demandas inesperadas acabaram comprometendo a
execução do OP;
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