NOVA POLÍTICA DE BOLSONARO
O Presidente Bolsonaro
e o Presidente Rodrigo Maia, representam dois poderes importantes da
República.
Embora tenham posições
convergentes quanto à Reforma da Previdência, vez por outra, se estranham sobre
os encaminhamentos dessa questão. Maia cobra maior articulação do governo,
Bolsonaro retruca que já fez a sua parte e resiste ao que ele chama de “velha
política”. “Quero saber o que é a nova
política” retruca o outro.
As manifestações de
2013, durante o Governo Dilma, acenderam um sinal de alerta para a política
tradicional. Mobilizados pelas mídias sociais, brasileiros gritavam nas ruas,
“vocês não nos representam”.
Era um amplo processo
de contestação à pratica política tradicional no nosso País, caracterizada pela
falta de postura ética, e de descompromisso programático dos diferentes
partidos e lideranças políticas. Eram sinais claros de descrença na política.
Nesse contexto,
emergiram, na sociedade, diversos movimentos cívicos, organizados através de
redes virtuais, especialmente dedicados à mobilização política da cidadania.
Alguns deles se dedicavam, também, à formação de novas lideranças políticas
para os processos eleitorais, no que lograram algum êxito nas eleições de 2018.
Esse fenômeno aconteceu tanto no campo da direita ultraliberal como no centro
democrático, neste caso, representando uma alternativa à polarização
esquerda-direita.
Antes disso, já vinha
se fortalecido, entre alguns muitos atores da política, a percepção de que as
mudanças civilizatórias, influenciadas pela globalização e pela revolução
científica tecnológica, apontavam para um mundo mais complexo e mais plural,
que impunha uma “nova política”, tendo como eixo uma nova relação dos partidos
com os governos, com a sociedade civil e com a cidadania. Também para a adoção
de novos padrões éticos na política.
O que Bolsonaro tem
com isso? Absolutamente nada!
Bolsonaro foi deputado
federal, com um único projeto aprovado ao longo de sete mandatos, entre 1991 e
2018, tendo passado por diferentes partidos ao longo de sua carreira. Era
classificado como pertencente ao chamado “baixo clero” da Câmara dos Deputados.
Conhecia e usufruía da velha política.
No último processo
eleitoral, sentindo a revolta da população contra a política, o candidato
Bolsonaro assumiu, em seu discurso, o papel de arauto da mudança. Só que ao
fazer isso, se colocou numa armadilha, a de demonizar negociações políticas.
Num sistema fragmentado como o nosso, a negociação é inevitável. Se ele
insistir na sua estratégia de confrontação, o seu destino será o fracasso e o
isolamento.
A indecifrável “nova
política” do Presidente está levando o governo a um impasse. No Congresso, a
“mãe de todas as reformas”, a do sistema de Previdência do país, começou a
correr risco.
Teve então que começar a ceder à política
realmente praticada, começando a usar os meios políticos disponíveis da
"velha política", que ele tanto combateu na campanha e nos primeiros
meses de governo. Exemplo disso é o próprio fato de que ele oferece R$ 40
milhões em emendas parlamentares – o que é jurídica e politicamente legítimo –
para os deputados que votarem a favor da reforma.
Teria sido possível
algum outro caminho? Do jeito que está, isso tem baixa possibilidade. Tería que
voltar muito atrás. Ter criado novas relações a partir de programa de governo,
que aparenta não ter. A nova relação entre Governo e Parlamento, pretendida por
Bolsonaro, não aponta para um repúdio às relações espúrias até então
existentes, mas para uma simples afirmação da sua posição autocrática, que
recusa dividir poder.
Para Oswaldo Amaral,
da Unicamp, com a intransigência de Bolsonaro, o governo pode não conseguir
governar, e apenas continuarb “fazendo espuma nas redes sociais e nas pautas
menos relevantes”.
FAUSTO MATTO GROSSO
Engenheiro civil. Professor aposentado da UFMS
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