BRIGA DE RUA DA MICRO POLÍTICA
O
pensador e revolucinário italiano Antonio Gramsci classificava a
política em micro política – aquela ligada às intrigas, às
conspirações palacianas, às disputas de projetos pessoais – e a
Grande Política, esta ligada as disputas pelo rumo do Estado, aos
embates ideológicos, às disputas pela hegemonia dos grandes
projetos coletivos.
A
política brasileira tem sido o exemplo, nada dignificante, do que
não deve ser a política. Mas não inventaram ainda democracia sem
política. Isso é o preocupante.
A
conjuntura que vivemos, coloca o Governo Federal e o PT num
autêntico inferno astral.
Talvez
o PT merecesse o que está acontecendo. O Brasil e a democracia
brasileira é que não merecem.
O
PT errou muito no passado. Construiu a sua história e a sua via de
acesso ao poder político, com o denuncismo, com o discurso fácil,
com o quanto pior melhor, com postura absolutamente maniqueista do
bem e do mal e com completa falta de compromisso com o pluralismo e
com a democracia. Na política eleitoral nunca quiseram,
sinceramente, aliados e sim apoiadores.
Apesar
disso virou a esperança do povo brasileiro. Essa esperança não
pode ser desprezada, deve ser resgatada. Este deve ser o rumo da
saída da atual crise política. Não existe saída pelo revanchismo
e pela desmoralização da política. A crise deve ter como produto
a reorientaçao do governo e um novo PT, isso é importante para o
País, para a democracia brasileira e também para a esquerda não
petista.
É
com esta visão que o PPS, que não participou do fora Sarney nem do
fora FHC, não patrocinará o agravamento da crise que poderá levar
ao fora Lula.
Mas
isso depende, logicamente, de o Governo e de o PT quererem a
reorientar a sua política. A governabilidade não pode continuar
sendo contruída com base no fisiologismo da distribuição de cargos
e de emendas parlamentares mas sim no compartilhamento de um projeto
para o País com outras forças comprometidas com as mudanças.
O
Governo não se manterá se quiser continuar sendo um “aparelho do
PT” avassalado pela visão do financismo e refém das velhas
raposas oligarquicas.
No
interior do Governo, a discussão sobre os novos rumos padece de
falta de criatividade. Essa briga entre adeptos do finacismo contra
os desenvolvimentistas, entre Palocci e José Dirceu é reprise da
que ocorreu no governo FHC, entre o malanismo e a dupla Sergio
Motta-José Serra.
Não
haverá uma saída que avançe a política e o desenvolvimento
brasileiro sem a constituição de um amplo aliança de
centro-esquerda. O PPS, que não abre mão da Grande Política, tem
apontado para a necessidade de uma convergência histórica,
programática entre o PT e o PSDB. Embora pareça hoje impossível
essa é uma hipótese defendida por Roberto Freire que encontra eco
dentro de setores responsáveis do PT, a exemplo do Ministro Tarso
Genro, que já se manifestou publicamente sobre isso.
Sair
dos cerco do fisiológismo e do financismo, compartilhar o projeto
nacional com generosidade, construir rapidamente competência para
solucionar problemas esta deve ser a saída da crise. Uma democracia
sem resultados não se sustenta.
FAUSTO
MATTO GROSSO
Vice-Presidente
do PPS/
faustomt@terra.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário