ZONA DE PERIGO
Orientam
os manuais de gestão estratégica que os governos devem fazer,
permanentemente, três balanços: o da condução da política
macro-econômica, o da governabilidade e o da resolução de
problemas. Essa é missão do Ministro, zen, Luis Gushiken.
Não
se pode ter resultados negativos nos três balanços, mas pode-se,
com um bom manejo estratégico, salvar pelo menos dois deles em cada
momento. Nesta ótica, o Governo Lula está entrando rapidamente na
zona do perigo.
É
negativo o balanço que se pode fazer hoje da política
macro-econômica. Se por um lado consegui-se evitar a explosão dos
juros e da taxa de risco, isso não representou nada mais do que
resolver problemas de desconfiança do mercado, que Lula e o próprio
PT criaram pela suas trajetórias. O pior é que toda a expectativa
quanto ao “milagre do crescimento” está sendo criada quanto ao
manejo dessas duas variáveis, como se o mercado pudesse resolver,
sozinho, o problema da retomada do desenvolvimento.
Não
foi enfrentado nenhum gargalo importante da economia nacional.
Faltam políticas industrial e tecnológica efetivas. A questão da
dívida, de longe o mais desafiador, continuou intocável, fazendo o
Brasil corar-se de vergonha diante da Argentina. Os recursos para
investimentos e política sociais estão sendo drenados para a roleta
financeira internacional e nacional. Aumento do desemprego e taxas
negativas de crescimento são os resultados mais visíveis da
política Pallocci. Resultado: governo está sendo deficitário
nesse balanço.
Quanto
à governabilidade, foi conseguida uma base de sustentação
congressual apreciável, mesmo que utilizando métodos tradicionais
tão criticados pela esquerda. A votação das reformas que o
diga. A adesão do PMDB selou esse sucesso. Pena que a parcela
de governabilidade, que poderia vir da Sociedade Civil, foi
menosprezada.
Ia
tão bem o resultado do centro-avante José Dirceu, que ele foi
deslocado para outra posição, para cuidar dos resultados. A
governabilidade pode ser passada para o PcdoB tomar conta.
Entretanto esse resultado, em função da crise econômica e das
denuncias que quebraram a imunidade ética do PT, começa a sofrer
desgaste. O “fogo amigo” do PT, e de alguns aliados, complica
ainda mais a situação. Apesar disso Governo ainda pode ainda
comemorar o resultado do balanço da governabilidade. Não se sabe,
entretanto, por quanto tempo e a que preço.
No
balanço da solução de problemas, o governo perdeu feio.
Partidarização da administração, quadros sem a qualidade
necessária, inexperiência e disputas internas fragilizaram a gestão
Lula.
Orçamentos
contigenciados, para gerar permanentes superávits, inviabilizaram
recursos minimamente necessários para a produção dos resultados.
Políticas sociais sem recursos, investimentos em infraestrutura, que
não saíram do papel, deram a tônica da frustração do “espetáculo
do desenvolvimento”. Aquele que seria o programa símbolo do novo
governo, o Fome Zero, foi o exemplo mais vexaminoso do
fracasso do balanço da produção de resultados.
O
reforço que veio no segundo tempo, através do Ministro José
Dirceu, deslocado para cobrira ala dos incompetentes do “aparelho”,
quando chegou, veio fragilizado.
Consultando
a tabela, o Governo que precisava pelo menos de 2X1 para continuar
jogando, está perdendo por um preocupante 1X2. Entrou na área do
perigo de rebaixamento. Preocupantemente, está garantido apenas no
tapetão do Congresso. Ainda bem que tem o Sarney. Fora Sarney!
Desculpe, Viva Sarney!
FAUSTO
MATTO GROSSO Vice-Presidente do PPS/MS
17/03/2004
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