“O PRESIDENTE ESTÁ CHEIO DE PASSADO E REPLETO DE FUTURO”
Liebniz
Conheci
Marisa Bittar ainda como uma jovem estudante de História. Fazia
parte de um grupo de militantes estudantis que, a seu modo, “fazia”
história. Nas lutas democráticas da década de 70, imprimiam a
marca de sua juventude, de seu inconformismo, de seus sonhos nos
fatos políticos de Mato Grosso (do Sul) e de Campo Grande. Entre
eles, ela se destacava. Coerente, rigorosa já sinalizava o seu
futuro intelectual.
Hoje,
grande parte desse grupo, constitui a nova intelectualidade de Mato
Grosso do Sul.
Para
mim e para tantos outros de uma geração acima da daqueles jovens,
mas que com ela conviveu e compartilhou sonhos generosos, é um
orgulho. E também uma sensação de segurança. Invertendo a
lógica: é poder chamar o jovem “irmão mais velho” quando a
disputa se torna mais acirrada.
Afinal,
em História, “...os fatos não se assemelham aos peixes expostos
na banca do comerciante. Assemelham-se aos peixes que nadam no oceano
imenso e muitas vezes inacessíveis; o que o historiador apanhará
depende em parte do acaso, mas sobretudo da região do oceano que
tiver escolhido para a sua pesca e da isca da qual se serve. Estes
três fatores são, evidentemente, determinados pelo tipo de peixes
que se propõe apanhar.”* Uma realidade única, quantas versões,
quantas verdades !
E
Marisa lança com precisão seu molinete. Desmistifica, apresenta
fatos novos, aponta contradições, supre insuficiências. Sempre
guiando-se pelo caminho seguro do rigor metodológico, escreve a sua
“verdade relativa”, buscando nas fontes primárias, ouvindo
protagonistas relevantes, registrando e organizando informações.
Dessa forma passamos a ter uma historiografia sul-mato-grossense mais
plural.
Nessa
pluralidade “Geopolítica e Separatismo” acrescenta muito pela
rica contextualização de Mato Grosso do Sul e de Campo Grande na
política nacional. O tenentismo, a Revolução de 32, a ditadura
Vargas e o Regime Militar, vão exercendo o papel de determinantes
exógenos a comporem-se com as dinâmicas locais de ocupação do
território e dos coronéis, das crises hegemônicas e dos chefes
revolucionários, da ocupação da fronteira agrícola e das
lideranças representativas dos novos grupos sociais, do poder
ditatorial delegado e da resistência democrática. Assim foi sendo
construído Mato Grosso do Sul e sua vibrante capital.
Nesse
momento, quando o Estado e Campo Grande, crescentemente dedicam-se a
delinear planos de futuro, nada melhor do que um mergulho no passado.
Este livro é socialmente necessário. Não para buscar
condicionantes, mas para ver como essa gente multicultural soube
sempre enfrentar e superar seus desafios.
“Esta
terra ainda vai cumprir seu ideal”. A autora, na conclusão, não
esconde o seu saber afetivo de sujeito. Fez, faz, escreve sobre e,
mesmo à distância, quer continuar fazendo história”.
No
seu centenário, este livro pode ser considerado um belo presente
para Campo Grande .
FAUSTO
MATTO GROSSO
Professor
da UFMS,
Secretário
de Planejamento e de Ciência e Tecnologia do
Governo
Popular de Mato Grosso do Sul
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