O DESAFIO DA MUDANÇA
A
esquerda brasileira vive hoje o que talvez seja o seu maior desafio.
Derrotada eleitoralmente por FHC, colocou-se , à exceção do PPS,
em uma posição meramente defensiva, postando-se na “retranca”
contra qualquer mudança. Começou aí a sua derrota política, ao
descredenciar-se como pólo alternativo à reforma neoliberal.
Deixando
a bandeira das reformas cair nas mãos da direita, confundiu-se com o
conservadorismo e foi incapaz de articular amplamente suas posições,
como o fez , de maneira adequada, no processo constituinte.
Do
MST, única oposição à FHC com apoio real na opinião pública,
não entendeu a essência: a luta à “favor” e não simplesmente
contra.
Aproximando-se
o processo eleitoral de 98, é de fundamental importância que a
esquerda perca a arrogância, perceba que a luta contra o
neoliberalismo não é só sua, e abra-se para articulações mais
amplas em direção ao centro e à centro-esquerda. Em escala
latino-americana essa tem sido a indicação de importantes fóruns
políticos.
A
candidatura Lula deve ser apenas uma das possibilidades, não a
única. Terá inclusive que analisar as alternativas Ciro Gomes e
Itamar Franco, isto se não quiser continuar jogando apenas com uma
utopia sempre colocada no futuro, como era da sua antiga e esgotada
tradição.
O
programa comum a ser construído com as outras forças progressistas
deve incluir necessariamente uma proposta de reformas amplas, além
do desenvolvimento sustentado e do resgate da dívida social.
Em
Mato Grosso do Sul, um quadro semelhante está colocado.
Pela
primeira vez em nossa história política a esquerda vai,
efetivamente, disputar o poder. Não se trata mais de lançar
cadidatos para acumular força ou simplesmente para eleger deputados.
Essa etapa já está cumprida. A última eleição municipal, na
capital, mostrou o inconformismo e o potencial renovador do
eleitorado bem como os sinais claros de esgotamento da política
tradicional. No interior do Estado pode-se sentir a mesma
expectativa quanto à renovação das lideranças políticas.
Claro
está para nós que a esquerda, sozinha, não pode se considerar dona
desse sentimento. Nosso desafio é o de construir uma ampla
articulação capaz de juntar lideranças representativas de um amplo
leque ideológico que vá do centro até a esquerda, para viabilizar
a força político-eleitoral que a credencie como alternativa de
poder. Temos consciência de que esse bloco precisa ser maior do que
a esquerda, mas também a convição de que este não será capaz de
renovar a política, se a esquerda dele estiver ausente.
Não
deverá ser também um bloco ou uma frente contra quem quer que seja,
mas sim uma alternativa nova, construida em torno de eixos
programáticos claros e sintonizados com as aspirações da população
e que devem incluir, além das questões gerais, o compromisso claro
com a eficiência e moralização do poder público..
Não
se trata de movimento para viabilizar uma ou outra candidatura
pré-fabricada, mas sim uma articulação plural, capaz de trabalhar
a unidade em torno do nome que melhor representar o sentimento de
mudança da população e que tiver melhor competitividade eleitoral.
Hoje o PT tem o nome do deputado Zeca. E o PPS tem o nome de
Carmelino Rezende, atual presidente da OAB. Muitas outras
alternativas poderão surgir no interior dos partidos da nossa
aliança, que inclui também o PSB, PDT, PV, PMN, PcdoB e PAN com
possibilidades de incluir ainda outros partidos democráticos.
Prevalecendo
a responsabilidade política diante dos desafios que estão
colocados, vencendo-se as tentações hegemonistas e divisionistas,
as possibilidades poderão transformar-se em realidade. Mato Grosso
do Sul poderá ter uma nova política, após 98, da qual se orgulhem
os sul-mato-grossenses.
FAUSTO
MATTO GROSSO
Presidente
do PPS/MS
Nenhum comentário:
Postar um comentário