MST: QUEM NÃO GOSTA LEVANTA A MÃO...
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e exija que o Governo faça a Reforma Agrária, senão vai ter que
continuar assistindo o MST fazer a sua.
Os
movimento sociais, gostemos ou não deles, são frutos da realidade
social do País. É impossível criá-los ou mantê-los
artificialmente se não existe tal correspondência, principalmente
um movimento com a amplitude adquirida pelo MST.
Também,
de nada adiantará o Governo cumprir sua meta de assentar 200 mil
famílias se o problema tem a dimensão de 12 milhões de
trabalhadores rurais sem terra.
Um
governo que se pretenda social-democrata deveria saudar a existência
do MST, mesmo com todos os seus problemas. O professor Celso Furtado
tem apontado a grande possibilidade que pode ser representada pela
volta e fixação ao campo dos milhões de excluídos da
“modernização”.
O
Brasil está sendo um caso único no mundo onde pode existir, a curto
prazo, uma saída não traumática para a crise do desemprego
estrutural.
E
neste caso não adianta a hipocrisia de cobrar “vocação rural”
desses trabalhadores, que, aliás, a têm mais do que o Presidente
da República, ele próprio um intelectual proprietário rural. A
sociedade pós-moderna, cuja implantação está sendo acelerada pela
globalização, terá mais dia, menos dia, conforme apontam alguns
estudiosos, que substituir o paradigma baseado no emprego pelo
paradigma baseado na ocupação.
Neste
caso, mesmo a agricultura familiar de subsistência é preferível,
aos programas de renda mínima que a sociedade terá que providenciar
sob pena de sucumbir diante da explosão da bomba social. A não ser
que, sendo impossível esconder debaixo do tapete os excluídos da
globalização, se opte pela “solução final” hitlerista de
extermínio em massa dos miseráveis.
Durante
a última semana vários setores da mídia tem procurado infundir,
na opinião pública a desconfiança em relação ao MST. No tempo
da Guerra Fria o movimento seria apontado como beneficiário do “ouro
de Moscou”. Impossível faze-lo hoje, seu inimigos buscam
desesperadamente desmoralizá-lo pela origem dos seus 20 milhões
arrecadados no ano passado, principalmente quanto aos 4 milhões de
reais provenientes de doações de trabalhadores beneficiários de
financiamentos oficiais.
Seria
mais justo que se preocupassem com os caixas já abarrotados para as
próximas campanhas eleitorais, com origem duvidosa, onde tal valor,
no geral é gasto para eleger um simples deputado federal.
Embora
seja difícil, é bom não perder a ordem de grandeza dos números.
O Estado de Santa Catarina perdeu, segundo a CPI dos precatórios, 86
milhões com o deságio dos títulos e 33,2 milhões com comissões
de intermediários, Alagoas perdeu 69 e 14 milhões respectivamente.
Só a Distribuidora Negocial faturou 168 milhões nas suas
operações. Diante disso, o que são 4 milhões? Apenas o valor da
última casa de praia do banqueiro Júlio Bozzano, presidente do
Banco Bozzano & Simonsen, uma das principais empresas operadoras
das recentes privatizações feitas pelo Governo Federal.
Mas
voltando ao MST. Não posso dizer que gosto dele. Da visão
fundamentalista e da subestimação da importância da democracia,
que podem ser filtradas nas manifestações de algumas de suas mais
expressivas lideranças. Politicamente trabalha com métodos que
assustam a qualquer mentalidade arejada de esquerda, nesse sentido,
sendo a contraface perfeita da UDR. Acho inclusive que, não tendo
cuidado, corre um grande risco de deixar de ser um movimento social
legítimo e passar a ser um partido político. Reflete , entretanto,
a barbárie, a violência e o atraso das relações sociais no
campo e a dimensão do problema da exclusão social do País. Por
isso, exatamente temos que respeitá-lo e valorizar a sua luta e
representatividade.
FAUSTO
MATTO GROSSO
Presidente
do PPS/MS
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