MS SEM RUMO
Qualquer
observador atento já constatou que a política sul-mato-grossense
nos últimos 30 anos gravitou em torno da estreita opção entre o
pedrismo e o antipedrismo. Com uma sociedade civil fracamente
organizada, que tem sido incapaz de gerar quadros políticos
representativos, Mato Grosso do Sul assiste impotente a alternância
entre a modernização conservadora- autoritária e o nada, que tem
sido representado pelo anti-pedrismo no governo.
A
esquerda tem sido também impotente para produzir uma nova política
que seja superação e não apenas negação da política dos dois
pólos dominantes. Isto tem sido, provavelmente, a causa da sua
dificuldade em se credenciar, na sociedade, como alternativa de
poder.
Assim,
nosso desenvolvimento tem sido fruto de situações de fato criadas
pela intervenção do projeto (?) pedrista e pela ação espontânea
e aleatória dos agentes econômicos. Falta política de
desenvolvimento. Falta também a intervenção coerente do Estado,
direta ou associadamente, na infra-estrutura, no oferecimento de
serviços básicos e na produção da base científica e tecnológica
necessária ao novo padrão de desenvolvimento produzido pela
revolução científico-tecnológica.
Alguns
sinais auspiciosos, entretanto, começam a surgir.
Recentemente
a Petrobrás patrocinou uma assessoria ao Governo Estadual para a
produção de um importante estudo sobre os cenários de MS para o
ano 2010. Analisando as macro-tendências mundiais, nacional e
regional foram apontadas importantes orientações estratégicas que
deveriam balizar a ação governamental e dos agentes privados no
processo de desenvolvimento . Parabéns para a Petrobrás. Zero
para o governo que, a não ser por parte um ou outro técnico,
aparenta desconhecer e desconsiderar tal estudo.
Esse
estudo, não podendo ser tomado como enunciado de verdades absolutas,
representa um importante ponto de partida para um amplo debate
estadual sobre o rumo que queremos para Mato Grosso do Sul.
Dois
outros sinais positivos surgem da sociedade civil. A criação do
Fórum MS, formado por instituições e cidadãos que buscam a
construção de consensos estratégicos para o desenvolvimento do
Estado e o Movimento pela Eficiência e pela Moralidade do Poder
Público, liderado pela OAB/MS. Este último tem atuado em duas
importantes questões: o combate ao nepotismo - sintoma da degradação
ética do serviço público - e a mobilização da sociedade para a
discussão do orçamento público estadual.
São
movimentos amplos e generosos, espaços de cidadania , sinais de que
a sociedade civil quer deixar de ser tutelada pelos governos e pela
viciada política dominante, buscando a maioridade.
Reforçar
esses movimentos é da maior importância para o futuro do Estado, ao
mesmo tempo em que se deve cobrar do Governo a responsabilidade da
discussão pública das orientações estratégicas do estudo da
Petrobrás.
FAUSTO
MATTO GROSSO
(Presidente
do PPS/MS)
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