UM POVO SADIO
(
Depoimento de Viagem V – Jornal da Cidade – 26/02/84)
“ Es
nuestro deber brindar el trato humano, solidario, dulce y solicito
que merece nuestro pueblo trabajador” - Fidel
Chegando
ao Aeroporto Internacional Jose Marti, antes mesmo da apresentação
do passaporte, o turista recebe um cartão de “advertência” onde
se lê: guarde este cartão em sua carteira, já que você procede
de um país onde existem enfermidades transmissíveis não mais
presentes em Cuba. Caso você apresente qualquer sintoma deverá
mostrar este cartão ao médico que lhe atender. Qualquer informação
adicional poderá ajudar ao médico a efetuar um rápido e correto
diagnóstico. Ministério da Saúde Pública.
Este
“cartão de visita”, que impressiona o turista, foi nosso
primeiro com o Sistema de Saúde Cubano.
A
Política Nacional de Saúde passou a ser discutida e programada
desde os tempos anteriores à vitória da Revolução, a partir de
observações feitas pelos próprios guerrilheiros das condições de
vida dos camponeses. A idéia das Policlínicas rurais (postos de
saúde) já havia surgido nesta ocasião.
Em
1959, logo após a revolução, Cuba contava com apenas três mil
médicos aglutinados nos grandes centros. O maior problema foi
conseguir levar tais médicos para áreas rurais. Não havia número
suficiente de profissionais mesmo porque muitos haviam saído de Cuba
após a Revolução. A Escola de medicina de Havana, única do País,
era acanhada. Não havia enfermeiras e técnicos de saúde.
Rapidamente foram criadas escolas e cursos para atendentes de
enfermagem (curso com duração de 3 meses) e cursos para auxiliares
de enfermagem (com duração de 1 ano). Hoje em Cuba, existem 18
escolas de medicina onde se formam 2 272 médicos por ano, incluindo
estudantes bolsistas do terceiro mundo. No total existem hoje 40 000
enfermeiros universitários e somente dois mil auxiliares de
enfermagem sem curso superior.
A
relação atual é de um médico para cada 874 habitantes. Quando
indagamos sobre a necessidade deste número elevado de escolas e de
médicos recebemos a seguinte resposta: “Hoje o povo procura a
assistência médica. Até 1985 conseguiremos levar o médico ao
local de trabalho0 do operário e do camponês. Hoje existem
potenciais armamentistas, mas nós, cubanos, seremos uma potência
médica”.
De
fato, o ensino médico é rigorosíssimo. Consta de 11 anos, cinco
dos quais dentro da Universidade. Depois, o estudante passa um ano em
regime de internato em clínicas e hospitais, dois no serviço médico
rural e mais três em Residência Hospitalar.
Além
de tudo isto, o espírito internacionalista do cubano é
incalculável, atualmente existem três mil profissionais médicos em
26 países entre os quais a Argélia, Etiópia, Tanzânia, Angola,
Moçambique e Nicarágua.
As
policlínicas, tanto rurais como urbanas, possuem quatro
departamentos: clínica médica, ginecologia, pediatria e
odontologia. A partir das Policlínicas os doentes são encaminhados
para os hospitais municipais , distritais ou para o Hospital Central
em Havana , que possui 860 leitos; unidades de transporte renal;
cirurgia cardíaca; tomografia computadorizada , enfim uma medicina
de alto padrão sem nada a dever aos países desenvolvidos.
Além
disso, notamos uma atenção toda especial às crianças diabéticas.
Para elas foram criadas escolas com educação especial onde se
habituam à dieta alimentar própria da doença e ao uso rigoroso da
insulina, aumentando o índice de sobrevida.
As
gestantes residentes em áreas distantes dos hospitais rurais, onde
são visitadas somente pelos “médicos de campo” (aqueles que
fazem saúde pública), a partir do sétimo mês são levadas para
“hotéis” ou melhor “casas para gestantes”, onde recebem um
tratamento especial, tanto alimentar como de orientação para o
parto, diminuindo significativamente o índice de mortalidade
materno-infantil.
Em
1963, houve erradicação da pólio. Em 1973, erradicação do
tétano. As causas mais comuns de morte antes da Revolução eram a
diarréia e a tuberculose. Hoje, doenças das coronárias e diabetes.
Cuba exibe hoje um dos menores índices de mortalidade infantil do
mundo.
Atualmente
desenvolve-se uma campanha intensa contra o fumo e contra o gordo. O
cubano consome 25 por cento acima de suas necessidades caloríficas.
O
atendimento médico é excelente. Não há filas ; o atendimento é
imediato. O cubano tem assistência médico-hospitalar e ambulatorial
gratuita, devendo unicamente pagar os remédios prescritos em
ambulatórios.]Uma nossa companheira de viagem apresentando mal-estar
digestivo foi logo encaminhada ao posto médico mais próximo ao
hotel, não gastando um tostão. Referindo-se à nossa guia que
acompanhou solicitamente, disse: “Graças à Marta Beatriz estou
curada”. Mas a resposta veio de imediato. E com muita convicção
“Graças a mim não, à revolução”.
MARIA
AUGUSTA RAHE PEREIRA
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