sábado, 31 de outubro de 2020

 

(Construindo um livro pagina a página)


MINHA CURTA CARREIRA DE PROFESSOR


Após a formatura em 1971, fui à UFRJ, tentar uma vaga de mestrado no Programa de Estruturas da COPPE. Com a vaga garantida, vim passar as férias em Campo Grande. No semestre anterior, o governador e engenheiro Pedro Pedrossian havia criado um curso de Engenharia Civil na Universidade Estadual (a Universidade Federal só foi criada após a divisão do Estado). Haviam sido nomeados, como professores, vários engenheiros do Governo do Estado. Muitas dessas pessoas não queriam essa missão.

Foi quando o diretor do Centro de Estudos Gerais, meu amigo Fauze Gatass Filho, caiu em cima de mim para que, embora apenas um recém-formado, eu fosse dar aula e coordenasse a implantação do curso. Como eu estava querendo casar, acabei sendo duplamente seduzido. Presidente da Associação dos Docentes, no primeiro ano, em 1972, casei-me com a Maria Augusta, que logo após, veio a ser presidente do Diretório Acadêmico da Medicina. A moça era muito contestadora.

De janeiro de 72 a dezembro de 74 meu trabalho foi na Universidade. Parte da minha jornada de trabalho era também exercida no Centro de Processamento de Dados (CEPROMAT), mas também me dedicava ao cálculo estrutural, no período noturno.

  O ano de 1974 foi marcado pela primeira derrota eleitoral da ditadura. O MDB elegeu 18 dos 23 senadores naquele ano. Veio então a caça às bruxas. Cada órgão público tinha que entregar as cabeças. A minha foi uma delas. Só voltei para a Universidade 14 anos depois, anistiado em 1988.

  Para somar, na época, por ser militante do PCB, eu já era acompanhado pelos órgãos de segurança como o DEOPS, e pelos serviços de informação do Exército e da Aeronáutica, como pude comprovar depois.

  Nesses primeiros três anos, além da coordenação do curso, dei aulas sequencialmente de Mecânica Geral, Isostática e Resistência dos Materiais. O plano era chegar a Concreto Armado, o que não houve tempo de acontecer. Demitido, em dezembro de 1974, tive que assumir com prioridade o meu trabalho de projetista estrutural.

  A propósito de moças presidentes de diretórios, alguns anos depois, como Pró-reitor de Extensão e Assuntos Estudantis, tive que enfrentar uma negociação sobre o Restaurante Universitário com esse mesmo diretório da Medicina, presidido por uma aluna nissei. Apertado pela argumentação, não tive outra atitude senão apelar para o machismo disfarçado, virando para ela disse: “Fico com pena do seu futuro marido”. A moça desmoronou e acabei ganhando a polêmica com meu miserável argumento de força.

Fausto Matto Grosso

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