(Construindo um livro pagina a página)
Após a formatura em 1971, fui à UFRJ, tentar uma vaga de
mestrado no Programa de Estruturas da COPPE. Com a vaga garantida, vim passar
as férias em Campo Grande. No semestre anterior, o governador e engenheiro
Pedro Pedrossian havia criado um curso de Engenharia Civil na Universidade
Estadual (a Universidade Federal só foi criada após a divisão do Estado).
Haviam sido nomeados, como professores, vários engenheiros do Governo do
Estado. Muitas dessas pessoas não queriam essa missão.
Foi quando o diretor do Centro de Estudos Gerais, meu amigo
Fauze Gatass Filho, caiu em cima de mim para que, embora apenas um
recém-formado, eu fosse dar aula e coordenasse a implantação do curso. Como eu
estava querendo casar, acabei sendo duplamente seduzido. Presidente da
Associação dos Docentes, no primeiro ano, em 1972, casei-me com a Maria
Augusta, que logo após, veio a ser presidente do Diretório Acadêmico da
Medicina. A moça era muito contestadora.
De janeiro de 72 a dezembro de 74 meu trabalho foi na
Universidade. Parte da minha jornada de trabalho era também exercida no Centro
de Processamento de Dados (CEPROMAT), mas também me dedicava ao cálculo
estrutural, no período noturno.
O ano de 1974 foi
marcado pela primeira derrota eleitoral da ditadura. O MDB elegeu 18 dos 23
senadores naquele ano. Veio então a caça às bruxas. Cada órgão público tinha
que entregar as cabeças. A minha foi uma delas. Só voltei para a Universidade
14 anos depois, anistiado em 1988.
Para somar, na época,
por ser militante do PCB, eu já era acompanhado pelos órgãos de segurança como
o DEOPS, e pelos serviços de informação do Exército e da Aeronáutica, como pude
comprovar depois.
Nesses primeiros três
anos, além da coordenação do curso, dei aulas sequencialmente de Mecânica
Geral, Isostática e Resistência dos Materiais. O plano era chegar a Concreto
Armado, o que não houve tempo de acontecer. Demitido, em dezembro de 1974, tive
que assumir com prioridade o meu trabalho de projetista estrutural.
A propósito de moças
presidentes de diretórios, alguns anos depois, como Pró-reitor de Extensão e
Assuntos Estudantis, tive que enfrentar uma negociação sobre o Restaurante
Universitário com esse mesmo diretório da Medicina, presidido por uma aluna
nissei. Apertado pela argumentação, não tive outra atitude senão apelar para o
machismo disfarçado, virando para ela disse: “Fico com pena do seu futuro
marido”. A moça desmoronou e acabei ganhando a polêmica com meu miserável
argumento de força.
Fausto Matto Grosso
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