NOBEL DA PAZ BEM ESCOLHIDO
O primeiro-ministro da
Etiópia Abiy Ahmed Ali agraciado com o Nobel da Paz vencendo a disputa com 301
candidatos sendo 223 personalidades e 78 organizações.
A lista completa dos
candidatos é reservada, por 50 anos, mas entre as personalidades indicadas
estavam a jovem ativista ambiental Greta Thunberg e dois brasileiros, o Cacique
Raoni e o ex-presidente Lula.
Desde 1901, o Nobel da
Paz tem sido atribuído, segundo o critério deixado no testamento do seu
idealizador, às pessoas que "fizeram o melhor ou o melhor trabalho pela
fraternidade entre as nações, pela abolição ou redução de exércitos permanentes
e pela realização e promoção de congressos de paz”.
Atualmente se entende
como Paz, não apenas a ausência da guerra, mas a existência de sociedades pacíficas
e inclusivas (ODS-ONU). Desta forma, o prêmio tem sido atribuído também para
ativistas, personalidades e instituições que se empenham pelos direitos
humanos, contra a pobreza, pela defesa do meio ambiente, entre outros. Devido à
sua natureza política, o Prêmio Nobel da Paz, tem sido sempre objeto de
inúmeras controvérsias.
A Etiópia, país do
último premiado compõe com a Eritreia, o Djibuti e a Somália a região chamada
de Chifre da África, que margeia o Mar Vermelho pelo lado oeste. É, portanto, uma região estratégica por conta
das rotas do petróleo e, por muitos anos, foi disputada por americanos e
soviéticos, sendo palco de inúmeros conflitos armados locais.
A Etiópia de Abiy
Ahmed é um dos sítios mais antigos da existência humana, sendo considerando,
por cientistas, o lugar em que o Homo Sapiens se originou. Foi reino da Rainha
de Sabá que, segundo passagens bíblicas, foi seduzida e engravidada pelo rei
Salomão, iniciando assim a linhagem dos seus imperadores até Haile Selassie que reinou até 1974.
Tem uma tradição de
independência. Quando o continente africano foi dividido entre as potências
europeias na Conferência de Berlim (1885), a Etiópia foi um dos três países
africanos que mantiveram sua independência. A nação foi membro da Liga das Nações
após a Primeira Guerra, e após um breve período de ocupação italiana, tornou-se
membro das Nações Unidas, após a Segunda Guerra.
Conhecida no Ocidente
como Abissínia, com a separação da província da Eritréia, a Etiópia virou um
país interior, sem saída para o mar, uma das razões da guerra entre os dois
países.
É nesse contexto que
surge o líder Abiy Ahmed Ali. Engenheiro de computação por formação, ingressou
ainda jovem no grupo armado que forçou a queda do ditador Mengistu, que havia
derrubado o Imperador Haile Selassie em 1974.
Posteriormente, entrou no Exército, onde realizou tarefas de comunicação
e inteligência cibernética.
Abiy Ahmed Ali, em
abril de 2018 foi eleito primeiro-ministro da Etiópia, tendo se dedicado, desde
então, à efetivação de um acordo de paz com a Eritreia, encerrando uma guerra
de duas décadas. Notabilizou-se, também pela mediação no processo de transição
no Sudão, que levou este ano a um acordo entre civis e militares.
Considerado um líder
carismático e reformista, iniciou uma verdadeira revolução democrática em seu
país. Concedeu anistia a dissidentes políticos, libertou jornalistas
encarcerados, nomeou mulheres para 50% dos cargos de seu gabinete e encabeçou a
campanha para o plantio de 350 milhões de árvores na Etiópia. Apoiou para a
presidência do país Sahle-Work Zewde, a única mulher chefa de Estado na África.
A premiação de líder etíope é um forte
incentivo para a pacificação dessa região da África.
A jovem ativista
ambiental Greta Thunberg, com seus 16 anos, tem tempo para esperar. O Cacique
Raoni, prestes a completar 90 anos, já teve a sua nova candidatura lançada para
2020, pela Fundação Darcy Ribeiro.
Quanto ao
ex-presidente Lula, com inegáveis méritos relativos à inclusão social durante
seu governo, não conseguiu repetir Mandela, prisioneiro político que emocionou
o mundo.
FAUSTO MATTO GROSSO
Engenheiro Civil, professor aposentado da UFMS
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