O QUE NOS AGUARDA EM 2018
No
quadro geral de incertezas sobre a política brasileira é possível que, em 2018, o
país encontre o caminho da superação das suas dificuldades?
Certo
é que em algum momento chegaremos ao fundo do poço e daí só nos restará a alternativa
de buscarmos a luz. Quando isso acontecerá é a questão. O avanço da Lava Jato é
condição fundamental para esse nosso reerguimento como Nação e para a
reproclamação da República.
Mas
para o reencontro do nosso caminho não é suficiente a limpeza ética e a busca
de lideranças confiáveis, mas sim, principalmente, a construção de blocos
políticos mais estáveis que consigam formular projetos de futuro para o País,
que sinalizem para novas governanças. Há que se buscar uma maior clareza
programática das forças políticas, diminuir a fragmentação partidária e superar
o clima de radicalização insana que temos vividos nos últimos anos.
Reencontrar
esse caminho dependerá da assimilação do contexto de mudanças em curso e da
superação de algumas incertezas críticas.
A
economia real do País, a despeito do Governo e do Congresso, está começando a
se recuperar. Recuperação lenta, gradual, sem milagres previstos, deverá
estabilizar a situação econômica ainda em um quadro de grande dificuldade. O
Governo Temer ou seu substituto não terá condições de avançar na reforma da
Previdência e outras igualmente importantes e isso continuará a ser um dos
maiores problemas a serem transferidos para os próximos governos. Eis um tema
em relação ao qual não é aceitável nenhum estelionato nas próximas eleições.
Persistem
ainda, na atualidade, duas incertezas críticas: a operação Lava Jato e a
natureza da reforma política tramitando no Congresso. A operação Lava Jato provocará ou não o impedimento de políticos
conhecidos, entre eles Lula, Temer,
Serra e Aécio, com abalos nas possibilidades de seus partidos? A reforma
política criará ou não obstáculos ao processo de renovação dos quadros
políticos ou deixará abertas possibilidades para a renovação/recomposição dos
partidos? De acordo com a resolução dessas incertezas teremos os diferentes cenários
da disputa em 2018.
Como
no resto no mundo, também convivemos com uma crise de representação que
enfraquece os partidos em favor do fortalecimento de lideranças "não
políticas", e com o surgimento de uma cidadania "autoral" que,
através das redes e mídias sociais entra no cenário da disputa sobre o futuro.
Existe ainda o fato de que, em uma sociedade fragmentada, nenhuma força política isolada consegue formar
maioria estável. Nesse caso, muito se dependerá do surgimento de um centro
democrático que garanta um mínimo de estabilidade no processo político.
Desse
contexto complexo e da combinação das incertezas, podemos prever uma
arquitetura não trivial para a cena de 2018. A clássica divisão entre esquerda
e direita já não dá conta de definir os
campos ideológicos da vida real. Uma
nova variável está, crescentemente, entrando na definição das forças políticas:
a posição diante do processo de modernização, aí entendido o processo de globalização,
da revolução científica e tecnológica, de modificações no mundo do trabalho, etc.
Afirmam-se quanto a esse tema duas posições, uma cosmopolita/reformista, que aposta nas transformações em curso no
mundo e outra nacionalista/conservadora, que imagina saídas autóctones e
regressivas (Trump, Brexit, etc.).
Assim, poderemos ter quatro combinações básicas das
forças políticas para a disputa de 2018. Um campo da direita conservadora
(Bolsonaro), um campo da esquerda conservadora (PT, PDT, PSB e PCdoB), um de
centro-direita cosmopolita (PSDB, DEM) e
um de centro-esquerda cosmopolita (Rede, PPS, PV). O Centrão, condomínio de
interesses particularistas regido pelo PMDB, buscará se acomodar nos projetos que se mostrarem mais
promissores.
Aí caberá aos brasileiros decidirem sobre o
destino do Brasil.
Fausto
Matto Grosso
Professor
da UFMS, Diretório Nacional do PPS
Nenhum comentário:
Postar um comentário