NÃO ME MANDEM CARTÕES
Estamos
na época de receber e enviar cartões. Fico emocionado em ver
quantos amigos figurões se lembram desse humilde eleitor:
vereadores, deputados, senadores, prefeitos, desembargadores,
conselheiros do tribunal de contas até meu sindicato e meu conselho
profissional.
Envaidecido
faço um pedido: não me dêem presentes de mim para mim. Com meu
suado dinheirinho, não! Já estou crescidinho, não gosto do jogo do
“me engana que eu gosto”.
Esses
figurões pensam que estão agradando. De minha parte, levam-me à
indignação, perdem pontos. Fazer marketing pessoal, à custa dos
meus impostos e taxas, não!
O
desvios de conduta pública, mesmo nas pequenas coisas, mostram que
esses vícios, de tão antigos, incorporam-se à cultura política.
Por incrível que pareça, ainda está por se proclamar a
república-de-fato, para separar o público do privado. Como disse o
Barão de Itararé “restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos
todos”
Quando
falam contra a privatização do Estado eu fico pensando, com meus
botões, sem entender nada. É precisão, na verdade,
desprivatizá-lo, retirá-lo dos bancos, das corporações internas,
dos lobistas e livrá-lo dos marajás políticos, desculpem-me a
palavra de má lembrança.
Já
fui vereador. Naquela época devolvia sistematicamente os pacotes de
lindos cartões de natal impresso pela Câmara. Devolvia todas as
cestas de natal com as quais me agraciavam as empresas de ônibus.
Sentia a desaprovação de muitos colegas pelo meu mau exemplo. Já
fui Secretário de Estado, sofri a incompreensão de amigos do peito,
porque devolvi os bonitos cartões de visitas com que me agraciaram
na posse.
Só
cito esses casos pessoais porque eles demonstram que é possível,
sim, nadar contra a corrente. No mínimo nos dá uma agradável
sensação do passarinho que carrega água no bico para apagar o
incêndio florestal dos costumes políticos. O que, na época, era
simples censura, ou incompreensão, diante da degradação atual,
talvez me levasse hoje a uma comissão de ética, por quebra de
decoro.
Em
tempo: adoro receber cartão dos meus amigos peito. Sinto muito
orgulho de ter muitos e grandes amigos, agora, inclusive, meus amigos
virtuais que se espalham pelas redes sociais.
Boas
festas e feliz 2011 para todos!
FAUSTO
MATTO GROSSO
Engenheiro,
Professor a UFMS
faustomt@terra.com.b
Um comentário:
Caro professor Fausto... são gestos simples como os seus que ainda me fazem crer que existe sim homens sérios na política.
Receba neste instante os meus sinceros votos de um Natal de muita Paz, e um final de ano envolvido naquela agradável sensação de dever cumprido!
Um forte abraço,
Prof. Suintila
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