A QUESTÃO ENERGÉTICA
A
questão da matriz energético brasileira tem sido alvo de acalorados
debates. As opinião são as mais divergentes possíveis.
Todos discutem "certezas" absolutas, o que foge ao conceito
de matriz, como combinação dos vários modos diferenciados de
produzir . Tenho interagido com alguns amigos ligados a esse tema e
cada vez mais eles tem apontados a questão do Brasil rediscutir a
questão da energia nuclear, citando, inclusive, países como a
França e a Alemanha, onde a política verde é bastante forte.
Não
tenho nenhuma certeza a respeito desta questao. Apenas preocupação
com escolhas erradas e suas possíveis conseqüências.
Pondero,
entretato, que a matriz energética reflete a política de
desenvolvimento que se quer implementar. Queremos um modelo
industrial sujo (que o centro do mundo exporta para a
periferia) ou uma moderna economia pós industrial?
Chamo
a atenção para alguns bons consensos já existentes quanto a
questão do "desenvolvimento sustentável". É preciso
articular a igualdade social com a conservação ambiental e com a
eficência econômica...isso todos conhecemos. O X da questão é
como fazer isso.
As
ultimas conferencias mundiais sobre meio ambiente, desde Estocolmo
(1980?), até a de Copenhagen (2010) tem boas dicas nas
entrelinhas, normalmente desapercebidas.
Existe
um "trade off" entre desenvolvimento e conservação
ambiental. Produzir mais significa conservar menos. Entretanto essa
equação não é insolúvel. Mudanças no padrão tecnológico
permitem produzir mais com conservação ou até com recuperação do
meio ambiente. Esse é um dos desafios da questão energética. Desta
maneira é posssível aproximar a esfera da conservação da esfera
da eficiência econômica. Uma questão correlata a essa é a
interligação geral do sistema energético, que acabou com as
soluções locais, ou incentiva que a pequena produção local seja
colocada no sistema interligado nacional, que atende básicamente
às necessidades das grandes metrópoles. Acho que vale rediscutir
isso.
Mais
não basta apenas isso. A humanidade tem bilhões de párias
que precisam comer, comer melhor, habitar decentemente, ter acesso ao
conhecimento, etc. Incorporar esses seres humanos aos benefícios da
civilização é uma exigência ética. Não podemos condená-los a
pagar sozinhos a conta da conservação, como acabam fazendo,
embora cheios de boas intenções, os preservacionistas. Mais
gente para consumir só é possivel, se não quisermos implodir o
planeta, mudando os padrões de consumo. Não é possível
democratizar o acesso aos bens se pensamos em generazar os atuais
padrôes de consumo. Não é possível juntar a esfera da igualdade
social à esfera da conservação ambiental, sem baixar o padrão
perdulário e predatorio da nossa "sociedade de consumo". É
impossível, mesmo para uma potencia emergente como a China,
resolver deslocamento humano com transporte com veículo individual.
Transporte coletivo de qualidade, alongamento da vida útil de
máquinas e equipamentos, miniaturização, reciclagem etc
Por
último, não querendo ser enfadonho para os que já conhecem bem
esses conceitos, tem o desafio de juntar a esfera a esfera da
igualdade social com a esfera da eficiência econômica. A geração
de mais-riqueza tem que implicar na redistribuição dos ativos
sociais (renda, propriedade, acesso a saúde, ao conhecimento, etc.
Mudanças
no padrão tecnológico, mudança nos padrões de consumo e mudanças
no padrão distributivo, talvez possam ser a marca do PPS na
construção de um novo projeto para o Brasil. Isso tudo atende pelo
nome simplório de "desenvolvimento sustentável".
Fausto
Matto Grosso
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