OBAMA – O PRIMEIRO LIDER GLOBAL
Surfando
uma imensa onda de esperança, Obama chegou à Casa Branca. Na sua
posse afirma que o mundo mudou e que os Estados Unidos vão se
ajustar a esse mundo novo retomando a inspiração fundadora dos
ideais da Revolução Americana.
O
novo Presidente americano ganhou as eleições em todos os países do
mundo globalizado e na sua posse além dos milhares de americanos
presentes, outros milhões de homens e mulheres, dos mais distantes
rincões do mundo, tomaram posse do presidente americano, como líder.
Pela
primeira vez, está posta a possibilidade de um líder global, que
baseia sua força, não no arsenal bélico que comanda, mas na
sintonia com o tempo em que vive e na liderança moral que foi
construindo na sua campanha, lavando a alma de jovens, de excluídos,
de celebridades do mundo das artes, de cientistas, de ambientalistas,
de libertários e humanistas de todos os matizes, do mundo inteiro.
Antes
isso não seria possível, o mundo novo permitiu esse espaço, o
mundo da multipolaridade. A seu tempo, talvez só o líder Gorbatchov
tenha conseguido tamanho consenso na opinião pública mundial, mas o
mundo ainda era o velho mundo da Guerra Fria, que ele conseguiu
desarmar. Apesar disso caiu derrotado pelo conservadorismo do Estado
Soviético, e pelas máfias já incrustadas nas estruturas de poder.
Isso aponta um alerta para o novo presidente americano.
Por
seu lado, Obama, por enquanto, conseguiu derrotar, eleitoralmente, as
forças mais reacionárias dos interesses americanos, especialmente
as da indústria da guerra, fazendo uma campanha memorável de 10
milhões de endereços eletrônicos, de militância de milhares de
jovens voluntários, de engajamento das ONGs, de personalidades do
mundo da cultura e dos movimentos sociais. Se mantiver a sustentação
interna e externa, pode o novo Presidente, estabelecer um novo estilo
de liderança dos Estados Unidos no mundo.
A
possibilidade de existir um primeiro líder realmente mundial está
colocada, esse é o desafio do Presidente norte-americano. Vencerá a
crise econômica sem jogar a conta para países pobres? Conseguirá o
recolhimento dos seus exércitos do Iraque e do Afeganistão? Fechará
Guantánamo? Modificará a posição dos Estados Unidos em relação
a Cuba? Esses são os primeiros “rubicões” que terá que
atravessar depois da posse rodeada de jovens esperançosos, dos shows
gratuitos de grandes bandas, U2 à frente, e dos 50 grandes bailes.
Fora
as questões internas da crise econômica, do desemprego, do
deficiente sistema de proteção social e à saúde, ao longo do
mandato terá imensos desafios globais a enfrentar. Reposicionará
estratégicamente os Estados Unidos no mundo multipolar? Ajudará a
criação de uma nova ordem econômica mundial, inclusive com maiores
controles sobre o sistema financeiro? Apoiará a reformulação do
sistema das Nações Unidas? Levará seu país a uma posição mais
responsável diante da crise ambiental mundial?
O
bom é saber que ele não está sozinho no front interno. Antecedendo
à posse, a serviço dessa obamamania militante que o elegeu,
importantes organizações progressistas americanas, que apoiaram sua
campanha, já articularam uma plataforma de apoio às mudanças e à
mobilização da opinião pública para que o sentido de “união
nacional” necessário para o enfrentamento da crise não subverta
os compromissos com as mudanças. Essa governabilidade ampla, na
sociedade, pode fazer toda a diferença, e se constituir na garantia
do cumprimento da promessa de mudanças.
Todas
as mudanças anunciadas são possíveis e o mundo inteiro torce por
elas. Estará o líder americano à altura dessas expectativas e
desafios? Agora sim, vai ser testado se Obama pode. Se a sociedade
americana pode. Se o mundo está, mesmo, diante do primeiro líder
global.
FAUSTO
MATTO GROSSO
Engenheiro
e Professor da UFMS
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