DESAFIO DE 2008
Campo
Grande tem tido uma relativa sorte com os seus governantes. Não há
nos últimos 30 anos, algum que não tenha saído prestigiado ao
final de seu mandato. A cidade tem uma dinâmica própria que
garantiu o seu progresso até agora. Mas o mundo está mudando e os
modelos tradicionais tem que ser repensados e revolucionados.
Neste
ano teremos eleições municipais. Vivemos em uma cidade que se
encontra diante de um grande desafio. temos que repensar com todos os
nossos paradigmas. Não há Nosso futuro não será promissor se não
tivermos absoluta priorização na construção das pessoas, no
investimento no capital humano, no capital social, na qualidade de
vida e do meio ambiente. Aí é que está o segredo do futuro.
A
cidade, inegavelmente, se expande em infra-estrutura urbana e isso é
importantíssimo. Nesse aspecto estamos nos preparando para as
décadas do porvir, mas reduzir administração pública a isso é um
pensar antigo. Construir obras virou ideologia. Quantificar obras,
mesmo que insignificantes, virou obsessão. No passado, criticávamos
o uso abusivo das placas propagandistas. Hoje vemos a continuação
da mesma prática de apropriação política privada do mérito de
realizar obras públicas, só que agora, com todos os recursos
sofisticados da mídia.
Enquanto
isso, ostentamos índices alarmantes quanto à qualidade do ensino e
da saúde pública. Nossos jovens não sabem fazer contas e não
entendem o que lêem, assim, estão no corredor dos condenados a
sem-futuro. A medicina preventiva não tem a efetividade necessária.
A medicina curativa vive em constante crise de superlotação e de
financiamento. Isso demonstra que na cidade bonita, cheia de asfalto
no meio do mato, a saúde não é prioridade real diante da ideologia
das obras. Assim jamais seremos capazes de atrair a economia moderna
que precisa de gente culta, preparada e saudável.
A
violência e a insegurança pessoal marcam a vida do campo-grandense.
Os cidadãos vivem confinados dentro de suas casas, e, dependendo da
sua condição social, cercados pela bandidagem ou por cercas
elétricas e segurança privada. Muitos pensam que a Prefeitura não
tem nada a ver com esse problema, mas em muitas cidades a insegurança
é enfocada como problema de desorganização social e tratada em
planos municipais de segurança.
Embora
exista formalmente uma ampla rede de conselhos temáticos e
territoriais, os processos reais de participação tem sido, no
geral, desmoralizados ou viciados pela manipulação clientelista e
pela cooptação. Apesar da retórica, não existe real participação
da população na definição e controle social das políticas
públicas.
A
máquina pública é arcaica. Quando muito se fortalece a área de
arrecadação, esta crescentemente privatizada, embora, pela sua
natureza, seja esfera típica de atuação do Estado. Não se
exercita a avaliação dos programas, projetos e ações. Gasta-se
sem nenhuma avaliação de resultados concretos para a vida das
pessoas.
A
área de planejamento, principal instrumento da gestão moderna,
resume-se a formalidades na programação orçamentária. O
planejamento urbano foi profundamente esvaziado, inclusive frustrando
a expectativas de tantos quantos lutaram pela implantação do
PLANURB.
A
cidade tem que se encontrar com esse debate. A eleição é a
oportunidade de se discutir as candidaturas a partir do que
representam em termos de propostas. A eleição não pode se
reduzir, meramente, a espaço de marketing, onde os candidatos são
embalados em pacotes vistosos. O desafio é constituir um debate
efetivo a respeito de alternativas republicanas e democráticas.
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