SOBRE ALBERTO NEDER E O PCB
Alberto
Neder, desde a sua juventude, como estudante de medicina no Rio de
Janeiro, foi um militante de esquerda. Sua primeira aproximação
com os comunistas se deu através da Aliança Nacional Libertadora –
a ANL – ampla frente antifascista organizada e liderada pelo PCB.
Com a dispersão desse movimento, causado pela repressão ao levante
de 35 – a chamada “Intentona Comunista” – retornando para
Campo Grande continuou ligado ao Partido.
Foi
dirigente do PCB e diretor do jornal diário do partido “O
Democrata”, para onde se dirigia após seus afazeres médicos para
ajudar a produzir e rodar o jornal. Seus companheiros dessa época
sempre se referiam às mãos especializadas de cirurgião, a rodar a
manivela da impressora, noite a dentro.
Disciplinado,
atendendo a necessidades partidárias, foi candidato, pelo PCB, a
deputado estadual constituinte em 1946 e posteriormente a vereador em
1988.
Essa
militância lhe custou, ao longo da sua vida 3 prisões e muitas
perseguições, às quais sempre reagia com coragem e altivez,
demonstrando sempre superioridade moral diante de seus algozes.
A
primeira prisão aconteceu durante o Golpe de 64. Na ocasião
encontrava-se refugiado na fazenda de um amigo em Rio Brilhante
quando foi denunciado e preso por fazendeiros ligados à Ação
Democrática Mato-grossense, um grupo civil, armado, ligado aos
militares. Trazido a Campo Grande, foi exibido com como presa de
guerra, algemado, em um jipe aberto, pelas ruas da cidade, o que
causou grande revolta na sociedade local. Foi preso novamente em 66 e
68.
Com
convicções políticas definidas ao longo da sua vida, das quais
nunca se afastou, sempre mereceu respeito da sociedade e também dos
seus adversários em função do seu valor profissional e pela sua
grande estatura intelectual e moral.
Fausto
Matto Grosso
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