SUCESSÃO NA UFMS
(Jornal
da ADUFMS – ano II nº 4 – abril/91)
Mato
Grosso do Sul sendo uma província, geográfica, econômica,
cultural, política e socialmente, a sua Universidade Federal, é
certo, tenderá normalmente a refletir esse provincianismo. Assim não
fosse, seria ela um corpo estranho à sua sociedade.
Entretanto,
uma Universidade não pode ser passiva a essa tendência. Em um mundo
que se reorganiza a partir do conhecimento e da tecnologia não
haverá lugar para a subalternidade,. A elaboração e a transmissão
do conhecimento moderno exigem a integração cósmica e , pelo menos
a nível nacional, um padrão unitário de qualidade, já que os
regimes de trabalho, os níveis salariais, os órgãos financiadores
são os mesmos.
Há
portanto que se debruçar sobre a UFMS, diagnosticar seus problemas e
providenciar um plano de desenvolvimento acoplado a uma vontade
coletiva de integrá-la na comunidade científica e tecnológica
nacional. Esse não pode ser um projeto individual ou de apenas um
grupo de iluminados, mesmo que bem intencionado. Há que ser um
projeto que tenha a cumplicidade de amplos setores do corpo social da
instituição.
Por
isso, a perplexidade quando se assiste o detonar da sucessão da
reitoria (as últimas eleições nos departamentos e colegiados de
cursos já foram, em muitos casos, armações políticas para a
disputa) de maneira totalmente despolitizada. Não são as questões
maiores, substantivas, que estão sendo enfocadas. As análises sobre
os nossos desafios e sobre a maneira de enfrentá-los. O que se vê é
a simples medição de força em relação a questões menores e
externas à nossa problemática. O que se discute é quem tem o apoio
do futuro governador, ou da futura bancada federal, ou ainda, da
“máquina da reitoria” .
As
entidades representativas ADUFMS, DCE, e SISTA devem implodir esse
tratamento mesquinho da questão. Há que se politizar a discussão.
Fazer com que, num primeiro momento, seja aberto um amplo processo de
debate sobre a natureza da nossa crise, sobre as perspectivas da UFMS
e sobre a realidade e compromisso da Universidade brasileira. Que
borbulhem as contradições e as polêmicas.
Para
isso, propomos a realização, durante o ano de 91, de uma
programação de intensas discussões sobre essas questões.
Seminários, palestras, debates ajudarão a desenvolver o senso
crítico e a consciência, a aumentar o nível de informação e
interesse da comunidade universitária.
Assim,
se poderá decidir sobre a reitoria , no momento oportuno, com um
processo democrático mais qualificado que expresse a visão madura,
a responsabilidade e a compostura que se espera de pessoas ligadas ao
desenvolvimento da ciência , da técnica e da cultura.
FAUSTO
MATTO GROSSO
Professor
do DEC-CCET
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