O FUTURO DO PCB
(Jornal
da Manhã – 04/02/91)
(Jornal
do Brasil Central – 10/02/91)
Procurando
refletir sobre a nova realidade do mundo e do Brasil, o PCB está
realizando o seu IX Congresso. No centro das discussões estão a
crise do socialismo, a atualização do seu referencial teórico, o
novo modelo organizativo do partido e a crise brasileira.
Desenvolvendo-se
em um clima de ampla democracia, de rica inquietação intelectual e
enfocando questões tão complexas e polêmicas é previsível que se
explicitem as mais variadas opiniões, desde as ultra-reformistas até
as ultraconservadoras. Essas análises e propostas normalmente chegam
à opinião pública que as toma como coisas já decididas e , não
raro, motivam críticas ou elogios daqueles que acompanham de longe
esse rico processo de discussão.
O
Congresso pode, a rigor, mudar qualquer coisa. O nome do partido, os
símbolos, o referencial teórico, a estratégia, a tática, os
dirigentes, tudo está sob análise, inclusive a própria
continuidade da legenda. Entretanto a crise do socialismo, grande
impulsionadora da discussão, que no resto do mundo está provocando
grandes mudanças nos partidos comunistas, não encontrou na a
política do PCB na contramão. Pelo contrário, desde a nossa
renovação do Partido, embora necessariamente profunda, não rompa,
no essencial, com a nossa história.
È
previsível o isolamento dos extremos. As teses conservadoras não
prosperarão pois a realidade do mundo e do Brasil as condena. As
teses ultra-renovadoras, que chegam a propor a extinção e
refundação do Partido e o abandono do nosso referencial teórico,
também não encontrarão apoio significativo. Mudanças profundas
mas, equilibradas , é o que se pode esperar desse Congresso.
Mas,
uma grande novidade já é apresentada no processo congressual: a
participação nas decisões, com voz de voto, dos simpatizantes da
legenda. Dos FORUNS SOCIALISTAS, realizados nos diversos estados, com
esses simpatizantes e lideranças dos movimentos sociais e culturais
, sairão propostas e delegados para a fase nacional do Congresso.
Reconhecido
como grande formador de quadros para a sociedade brasileira, o PCB
enfrenta hoje o paradoxo da existência de mais ex-pecebistas do que
filiados. Esse grande contingente de
ex-militantes, também convidados a participar dos Fóruns, o Partido
procurará contribuições para a construção da sua nova política.
O
IXº Congresso será portanto um grande momento de reflexão crítica
e de renovação do PCB. Dele deverá emergir um partido renovado
política, cultural e organizativamente, mais apto a enfrentar os
desafios da realidade do nosso tempo.
FAUSTO
MATTO GROSSO
Membro
do diretório Nacional do PCB
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