ALGO DE NOVO NA POLÍTICA
Entre a esperança e o ceticismo, os brasileiros se perguntam
se poderá, nas eleições de 2018, nascer algo novo na política.
As duas últimas
eleições foram frustrantes do ponto de vista da discussão dos projetos para o
Brasil.
A eleição de 2010 se processou em um nível de simplificação
despolitizada, tendo como tema principal a questão do aborto. Os dois
presidenciáveis Serra e Dilma se esmeraram em explicitar posicionamentos “a
favor da vida”, como se pudesse haver alguém civilizado que pudesse ser a favor
da morte. A substituição do debate político pelo marketing dominou toda a
polêmica eleitoral.
Quem não se lembra, também, do estelionato eleitoral de 2014,
da polarização Aécio contra Dilma, onde predominou uma intolerância sectária e
a grave situação do país foi totalmente escamoteada, cada um prometendo seus
pacotes de bondades ao crédulo eleitor. No dia seguinte da eleição veio a
ressaca.
É certo que viveremos
em 2018 um contexto eleitoral radicalizado que deverá ser marcado pela luta
acirrada nas redes sociais. Vários analistas apontam que, atualmente, a
quantidade de mensagens negativas, os tais fake news, predominam sobre as
mensagens propositivas. O exemplo mais patético dessa realidade foi a contra
propaganda russa para favorecer Donald Trump.
Outro elemento a considerar é o da mudança no ambiente dos
partidos políticos, o que tem amplitude mundial. A mudança da sociedade
industrial para a sociedade da informação tensionou todos os velhos paradigmas
da política, colocando em crise as formas organizacionais surgidas do passado.
O advento da sociedade em rede, possibilitou o surgimento de movimentos de novo
tipo, que organizam a atividade política dos cidadãos.
Esses movimentos de cidadania, apesar se suas limitações,
questionam a velha ordem política e podem representar um fato novo nas
eleições. Entretanto, a
institucionalidade atual não permite a substituição dos partidos por esses
movimentos. Com as regras eleitorais atuais, os partidos ainda persistirão como
canal institucional para a participação eleitoral para acesso as diversas
esferas do poder. Tanto é verdade que esses movimentos e iniciativas têm
produzido a criação de novos partidos ou encaminhado seus ativistas para a
filiação nos partidos que tem buscado renovação de suas práticas políticas.
Essa movimentação, como aponta o deputado Roberto Freire, poderá ser “a junção
daquilo que está sendo superado pela história, que são os partidos, datados da
sociedade industrial, com aquilo que está construindo a estrada para o futuro”.
É nesse quadro que se realizarão as eleições
de 2018. O momento político está tensionado pelos extremos, à esquerda e à
direita. Os brasileiros já conhecem o que representam essas duas propostas. O
País só avançará de fato, se nos encontramos com a nossa realidade, sem
mentiras e sem subterfúgios. Nossos problemas terão que estar no centro da
discussão eleitoral. É precisam que surjam candidatos corajosos que digam a
verdade sobre as nossas mazelas e sobre as mudanças necessárias e não façam
manipulação das mentes pelo marketing. Caberá ao povo, diante do aprendizado
adquirido nos anos recentes, separar o joio do trigo. Espero que consigamos
fazê-lo. Que não sejamos presa fácil da manipulação e da mentira.
Embora não concorde com a sua visão de Estado, sempre é útil
a advertência de Platão, em A República, que apontava que a democracia continha
sempre o risco de que as massas fossem movidas antes pela emoção do que pela
razão, antes pelos interesses imediatistas do que pela sabedoria duradoura. Que
a democracia poderia se degenerar em “teatrocracia” com hordas vulgares
embasbacadas diante de políticos profissionais nos palanque e votando nos que
entoassem discursos mais ilusórios e as promessas mais suculentas.
Fausto Matto Grosso
Membro do Diretório Estadual e Nacional do PPS
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