A REVOLUÇÃO TÉCNO-CIENTÍFICA E OS DESAFIOS DA NOSSA ÉPOCA
(Informativo
CAENG – Centro Acadêmico de Engenharia Civil da UFMS - junho/90)
Estamos
vivendo hoje no mundo um processo de profundas repercussões no
nosso futuro imediato. Trata-se da Revolução Tecno-Científica
representada pela utilização, em altíssima escala. Da ciência na
produção. Exemplos disso são a robótica, os supercondutores, a
química fina, a engenharia genética, a automação, a
informatização, etc.
Não
estamos diante de um processo de meras mudanças quantitativas mas
sim de algo qualitativamente novo, nova fase de desenvolvimento da
sociedade humana. Se a Revolução Industrial introduziu as máquinas
na produção – extensões das mãos do operário - RTC com a
robótica, a informática e os ultra-sensores está usando meios que
significam a extensão dos sentidos da inteligência do homem no
processo produtivo.
Isto,
por si só, é uma verdadeira revolução. As mercadorias valem cada
vez menos pela quantidade de trabalho direto necessário para a sua
produção e mais pelo trabalho indireto que está por trás de cada
apetrecho tecnológico utilizado (o trabalho dos pesquisadores, dos
cientistas, etc.) ,isto é, as mercadorias passam a valer mais pela
densidade tecnológica que incorporam do que pelo trabalho físico
diretamente consumido.
Isto
está mudando o mundo. O Japão e a Alemanha, sem nenhuma ogiva
nuclear, e talvez exatamente por isso, passam a disputar a hegemonia
capitalista. O Japão hoje é um país que forma mais engenheiros e
já passa a ser o maior exportador de capitais do mundo.
A
economia passa a exigir crescentes globalizações, compatíveis com
os novos níveis de produção e produtividade, rompe as fronteiras
dos estados nacionais. Faz aparecerem os blocos supranacionais
(Europa 92, EUA-Canadá, Tigres Asiáticos etc.). No mundo socialista
a União Soviética, aliviada da pressão da Guerra Fria (tornada
inviável pelo potencial de destruição que a RTC produziu),
desenvolve esforços para recuperar a defasagem tecnológica
realizando a política da “Uskorenie” (aceleração do
desenvolvimento técno-científico) que forma um tripé com a “
Perestróika” (reestruturação econômica) e a “Glasnost”
(democratização). Aprende que os sistemas vão ter que disputar
em função, não de seu potencial bélico ou capacidade de
mobilização ideológica, mas sim pelas suas competências em
enfrentar e resolver os problemas do bem estar de seus povos, em um
mundo cada vez mais íntegro.
E
a tudo isso, nós no Brasil apenas assistimos. Os Institutos de
Pesquisas, as Universidades, impotentes, não conseguem enfrentar os
desafios dos tempos. Até em termos de ensino, as Universidades
continuam a ser as últimas a saberem “ das últimas” . A
destruição do Estado brasileiro e a pressão sobre as universidades
públicas levadas a efeito pelo governo Collor, jogam no sentido da
perpetuação do nosso atraso e na manutenção da nossa dependência
tecnológica.
O
desafio que se tem hoje, é romper com essa política. Fazer o país
recuperar o direito a seu futuro. Levar essa luta em todas as
trincheiras. Ao nível de nossa Universidade, questionar cada
currículo, cada programa, a atualidade de cada ensinamento. Só
assim, estaremos à altura dos desafios do nosso tempo,
contemporâneos.
FAUSTO
MATTO GROSSO
Professor
do DEC-CCET
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